EXCLUSIVO – O advogado Antonio Luiz Pimenta Laraia, que contratou os cobradores Leandro Ribas da Silva e Márcio Aparecido Macri a fim de receber uma dívida do corretor Eurípides Augusto de Melo, e que terminou em tiroteio no dia 11 de julho passado, foi ouvido através de carta precatória na Delegacia Seccional de Polícia de São José do Rio Preto, anteontem (5), já que, embora olimpiense, reside e tem banca advocatícia naquela cidade.

O Diário obteve, com exclusividade, o Termo de Declarações 16164, onde o Laraia respondeu diversos questionamentos sobre os fatos, com o escrivão de Polícia Julio Cesar Loureiro Ronqui.

Laraia explica que, entre 10 de abril de 2012 a 10 de outubro de 2013, foi contratado por Euripinho sob a remuneração de quatro salários mínimos a título de consultoria e ‘prolabore’, além da metade dos honorários da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) para os procedimentos judiciais.

Quando expirou esse contrato, segundo o advogado rio-pretense, “acabaram fazendo um acordo verbal, onde Euripinho pagaria ao declarante somente R$ 2 mil, muito embora, havendo procedimentos judiciais, pagaria o integral estabelecido pela Tabela da OAB-SP”.

Segundo depôs Laraia, Euripinho concordou e cumpriu esse acordo, mas, em 2014, “começaram algumas ações judiciais em favor de Euripinho e beneficiários, entretanto, Eurípedes alegou falta de dinheiro e não cumpriu sua parte no acordo. Outras ações se iniciaram sem, contudo, que Euripinho pagasse um terço do estabelecido pela Tabela da OAB-SP”.

Mesmo assim, segundo o advogado Laraia, ele e Euripinho estavam mantendo uma “política da boa vizinhança”, até porque, a esposa dele, Cláudia, havia emprestado ao corretor a quantia de R$ 350 mil, garantido por um cheque no mesmo valor, endossado pela irmã dele, Maria Aparecida de Melo (Cidinha).

Ocorre que “o prazo estabelecido desse empréstimo venceu” – conforme declara o advogado no Termo de Declarações – e Euripinho quitou o referido cheque integralmente, “muito embora como não estava podendo pagar os procedimentos judiciais, disse para Laraia que mantivesse consigo o referido cheque como garantia pelo seu trabalho advocatício, dizendo, inclusive, ‘os homens são mortais’ (sic)”.

Assim foi feito, segundo depôs Laraia em carta precatória.

Sem que Euripinho lhe pagasse, segundo depôs Laraia, “achou melhor renunciar aos mandatos que lhe haviam sido outorgados para defender os direitos de Euripinho e os respectivos beneficiários (empresas e filho dele), tendo, inclusive, notificado Eurípedes sobre isso, além de protocolar nos referidos processos judiciais a dita notificação, para que o Juízo estabelecesse prazo para que Euripinho nomeasse outro defensor técnico”.

Laraia era informado pelo escritório de Euripinho que havia o interesse de quitar a dívida, o que não ocorreu, assim em 9 de março deste ano, o advogado notificou novamente o corretor, bem como a irmã dele, alertando-os sobre juros de mora e o valor devido.

Diante do não pagamento, e sem planos de pagamento para quitar a dívida, Laraia disse que, “dentre as mais de 50 empresas de cobrança existentes em Rio Preto, contratou Leandro Ribas da Silva e Mário Aparecido Macri para que procedessem a cobrança amigável da dívida”, até então no valor de R$ 317.797,08.

Laraia informou, no Termo de Declarações, que entregou o cheque de R$ 350 mil em garantia da dívida e que a cobrança seria feita de forma pacífica e idônea, além de que Macri e Leandro Ribas podiam empreender esforços em negociar a dívida, inclusive parcelando-a”.

Esses cobradores, segundo o advogado hoje rio-pretense, atuavam como “profissionais autônomos, de acordo com o próprio contrato, bem como, podiam receber valores, passar recibos, endossar cheques, depositar os cheques em suas contas correntes e até dar quitação dos valores recebidos em nome do advogado”.

Explica ainda que Macri e Leandro lhe informaram por telefone que haviam estado no escritório de Euripinho e que ele estaria no Mato Grosso, marcando posteriormente para que se encontrassem.

Sobre os fatos de 11 de julho, Laraia informou que “Macri ligou na parte da manhã, e por telefone disse apenas que haviam matado o seu colega, não entrando em detalhes. Soube dos fatos pela imprensa.

Ao ser questionado se sabia que Macri era ex-policial, Laraia disse que lhe foi apresentado como empresário, conforme contrato firmado, e que havia se aposentado da Polícia, ambos faziam cobranças para diversas empresas em Rio Preto, com sucesso e sem incidentes.

Para o Diário, Laraia reafirmou: “Vou continuar cobrando a dívida”.

O TERMO DE DECLARAÇÕES