Por Karina Younan — Popularmente atribuímos “falta de religiosidade” ou “amor” às pessoas que ferem a si ou a outros, embora seja justamente o fanatismo ligado ao amor e à religião, fortes fatores de vulnerabilidade psicológica. A violência, o abandono e a omissão são faces da incapacidade de se colocar no lugar das pessoas, um aprendizado que faz parte dos pilares para a educação inclusiva, pois são conceitos e fundamentos estabelecidos internacionalmente para o combate e redução de homicídios e suicídios no mundo.

karina-younanO ensino, tal como o conhecemos hoje, debruça-se essencialmente sobre o domínio do aprender a conhecer e do aprender a fazer. Já o aprender a ser e aprender a conviver são desafios maiores, pois atuam no campo das atitudes e valores, e englobam tanto o combate ao conflito e ao preconceito, como às rivalidades, milenares ou diárias. Só o conhecimento real e profundo da diversidade humana combate diretamente a violência.

Outro aspecto da incompreensão é a indiferença. E, por este lado, é interessante abordar o papel da arte, seja em literatura, cinema ou teatro, onde o drama transforma os invisíveis sociais em protagonistas, ensinando-nos a vê-los por outro prisma.

Portanto senhores educadores, autoridades e responsáveis, se não apostarmos na educação como veículo de paz, tolerância e compreensão… Como fazê-lo?

Quinze anos atrás, o filósofo Edgar Morin já escrevia a o texto “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. Nele, o pensador afirmava: “A redução do outro, a visão unilateral e a falta de percepção sobre a complexidade humana são os grandes empecilhos da compreensão.”

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Que entendamos definitivamente que uma educação ampla não modifica apenas nossa visão de mundo ou de trabalho, mas amplia também nossa representação mental para a solução de crises e conflitos, diferenças culturais, sociais, preconceitos e ódios que levam as pessoas ao reducionismo mental e que podem levar ao desespero e falta de perspectiva que assistimos, muitas vezes, como atitudes de trágicas consequências.

* Karina Younan é psicoterapeuta formada pela PUC de Campinas e Mestre em Ciências da Saúde pela Famerp