Por Karina Younan — As Olimpíadas são uma grandiosa oportunidade de observarmos como a psicologia exerce influência nas pessoas. É possível relacionar o conteúdo emocional individual e dos grupos nos esportes e nas disputas. A reação das pessoas na vitória e na derrota, tudo fala sobre quem nós somos e valem uma boa análise. Emoções impraticáveis em uma vida social saudável como o “não aceitar perder”, são totalmente aceitáveis na vida do atleta de alto nível, talvez até um auxílio neste motor.
E o excesso de preocupação com detalhes? Minúcias que jamais fariam parte do senso comum, mas fazem a significativa diferença que determina o êxito. O autocontrole de algumas nações promovido pelo seu estilo de contato entre as pessoas, ou a frieza e rigidez, tão cruéis ao contato humano e ao mesmo tempo tão eficientes quando se trata de desempenho em disputas. Como o calor humano acalma alguns ou traz um tremor extra a outros, e a observação que mais me encanta: a de que a paixão e a arte são um diferencial a toda e qualquer ação humana.
Nos brasileiros, percebemos o tempo todo a influência grave da emocionalidade. Desde a abertura, calorosa e exuberante, rica em cultura e diversidade, que só fez emocionar. Guardamos nossa revolta e oferecemos nosso melhor, alegria e hospitalidade.
Um país de paixões, que sabe receber e festejar com grandiosidade artística e pouquíssima organização e planejamento. Poucos recursos, enorme criatividade.
Nossos atletas são heróis nacionais, talvez por que só um brasileiro saiba todo o trajeto de dificuldades que passam, a falta de apoio, incentivo e recursos, a vitória da persistência pessoal em cada um. Território da emoção à flor da pele, choram os que ganham, choram os que perdem, somos campeões em sermos chorões.
Mais preocupados em receber bem do que ganhar das outras nações, todo brasileiro vive as olimpíadas com exaltação, afinal, todo brasileiro é puro coração.
* Karina Younan é psicoterapeuta formada pela PUC de Campinas e Mestre em Ciências da Saúde pela Famerp
