Por Karina Younan — Recentemente escrevi um texto no meu Blog (No Divã, Diarioweb) especialmente endereçado às mulheres que ainda insistem em não entender como e por quê se apaixonam por cafajestes. Não que o donjuanismo esteja restrito a elas, faço questão de frisar, mas são especialmente vítimas, um erro comum feminino. Fazemos um esforço enorme em não ver, embora tudo já tenha sido dito.

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Dedicarei este texto ao clássico erro masculino em se tratando de relacionamentos, para aqueles que, tentando triunfar no amor, aparentemente se perdem em não observar o fundamental elixir das relações: O amor próprio.

Karina Younan
Karina Younan

Encontro frequentemente no consultório homens que se dedicaram demasiadamente a relacionamentos que faliram, apesar de esforços hercúleos. O ressentimento e a dor se traduzem muitas vezes em queixas ou generalizações do tipo “para agradar uma mulher é fácil: É só você ser especialista em blábláblá mil profissões, rico, educado, generoso, bem vestido, blábláblá e mil exigências”

Quem nunca ouviu uma piadinha desse tipo?

Considero didático esclarecer em defesa da classe feminina: existe uma única forma de se agradar às mulheres que dispensa todo esse gasto de energia. O mal entendido atribui qualidades inatingíveis aos demasiadamente humanos, fazendo que as mulheres pareçam complexas e inatingíveis.

Um homem geralmente se perde quando quer agradar uma mulher e, se ele quiser agradar muito, sempre acaba não agradando. Serve pra todos. Quanto mais tenta acertar, mais erra. Quanto mais erra, mais se cobra. E quanto mais se cobra, mais erra. Acaba tentando compensar com mais e mais e o resultado são mais e mais erros e frustrações, de ambas as partes.

O abandono aparece quando a gente se deixa para agradar outra pessoa. No desânimo, na estafa, no corpo mal cuidado, no excesso de zelo, na falta de espontaneidade. Tudo acaba refletindo.

Um homem bem sucedido com as mulheres em geral é aquele que olha no espelho e vê, sozinho, sem ninguém apontar, um cara legal. Projetou uma pessoa que admiraria e se orgulharia de ser e buscou ser essa pessoa.

Não parou pra saber se estava agradando muito. Desligou-se do que o outro queria e foi orgulhar-se de si mesmo, sendo o melhor que podia. Isso tem um nome: autoconfiança ou o famoso confiar no próprio taco. Quando uma pessoa olha no espelho e gosta de quem se tornou, acaba encontrando muitas outras pessoas que gostam também. O tempo de seca passa e sem que se perceba, começa a chover no pedaço.

Falando assim parece simples e eu sei que não é, mas é fundamental. Todo o tempo desperdiçado tentando agradar muito outra pessoa será um desrespeito a si mesmo no final. A psicoterapia me mostrou que vivem melhor aqueles que buscam um amor dentro, para então alcança-lo fora. A coisa mais difícil neste mundo não é encontrar outro alguém, mas nos sentirmos bem com quem somos. Saber-se útil, necessário, competente e confiante, para então oferecer-se com valor ao outro.

* Karina Younan é psicoterapeuta formada pela PUC de Campinas e Mestre em Ciências da Saúde pela Famerp