Por Karina Younan – A psicologia já sabe: quanto mais bem-humorado você é, mais bem-humorado você fica. Isso por que endorfinas e serotoninas agem em nosso cérebro melhorando e ativando reações mais relaxadas e otimistas. Bom para você, melhor ainda para quem está ao seu lado.

karina-younanTer bom humor não significa ser inconveniente ou buscar fazer graça onde não existe. Uma piada ou um comentário fora de hora, pode ferir profundamente a outra pessoa. É possível evitar isso, procurando compreender como o outro se sente. Evidentemente até mesmo uma genuína expressão mal humorada não é pior do que o mais largo, porém falso, sorriso. Mas para o suíço Alain de Botton, que fundou a “School of Life” e sabe melhor do que ninguém traduzir cenas do cotidiano, saber lidar com situações corriqueiras com humor é um valioso aprendizado:

“Imagine que seu parceiro fica demasiadamente agitado ao menor sinal de sujeira na cozinha. Em resposta, poderíamos acrescentar mais gravidade ao problema dizendo: “Vamos cometer suicídio sobre as migalhas de pão em cima da pia: você tem razão, viver assim já não vale a pena” ou “Que tal comprar uma cartela de sedativos na farmácia mais próxima ou cortar a safena com a faca de pão? Assim, não precisaremos mais nos preocupar com essa bagunça. Pode ser divertido!” É importante estar alegre e descontraído, adotando uma expressão facial engraçada ao elaborar os detalhes técnicos. Como bem sabem os comediantes, tudo depende do tom.

humorO humor é a forma mais eficaz de criticar alguém sem despertar raiva ou arrogância. Rir não significa apenas que a pessoa está se divertindo; é sinal de que ela percebeu o recado.

Se as pessoas tendem a ficar irritadas quando são criticadas em um tom mais sério é porque não conseguem perceber que suas atitudes estão desproporcionais e desequilibradas. Elas são incapazes de identificar o erro de forma madura. Então o gesto cômico consiste em exagerar o aspecto problemático do outro – o que ajuda no reconhecimento do problema, enquanto, ao mesmo tempo, oferece a sensação de alívio por não se tratar de alguma coisa grave.

A comédia nos ensina que o melhor caminho para que uma pessoa perceba seus desequilíbrios é evitar a seriedade dos sermões. É abordar repetidamente o problema até que o exagero seja reconhecido e passe a despertar o riso. Assim, teremos aprendido a criticar por meio do humor – e nossos relacionamentos serão muito mais seguros, especialmente quando permitirmos que o nosso companheiro também faça piadas com nossos defeitos.”

* Karina Younan é psicoterapeuta formada pela PUC de Campinas e Mestre em Ciências da Saúde pela Famerp