Por Karina Younan – No mês de julho, duas notícias relacionadas ao novo jogo Pokémon GO, fizeram alarde na mídia. Um jovem neozelandês, de 24 anos, pediu demissão no emprego para se dedicar ao “sonho de se tornar um treinador Pokémon”. Nos EUA, durante a busca pelos personagens do jogo, um rapaz de 21 anos foi ferido a faca mas, em seu ato de bravura, não interrompeu sua busca pelos personagens.

pokemon

Karina Younan
Karina Younan

O que existe de deprimente nestas duas notícias é que a filosofia sempre alertou as pessoas que não se permitissem contaminar pelo olhar do outro e pela demanda social a ponto de ignorar o seu chamado interior, seu sonho de realização, uma forte vocação interna.

Para que não nos tornássemos fantoches manipulados, vivendo vidas miseráveis em busca de materialismos e vazia em significado. Com receio do que essa enorme pressão social faria com as pessoas, Shelley Prevost escreveu: “Desde a infância as pessoas são ensinadas a procurar outras pessoas para se guiarem. As normas sociais são uma parte importante da infância – você imagina como deve agir em relação aos outros — mas o problema começa quando você estende esse processo e inclui algo tão pessoal quanto o propósito da sua vida. Algumas pessoas têm nossa confiança e a capacidade de nos ajudar a encontrar nosso real propósito único. Se você é uma dessas pessoas que tem essas companhias, você tem sorte! Mas a maioria das pessoas, mesmo as bem intencionadas, escolhe nos colocar dentro de compartimentos que fazem mais sentido pra elas. Para ganhar a aprovação delas, você se dispõe a entrar no compartimento. Para manter a aprovação delas, você aprende a negar seguidamente quem você é. Em situações demais você vive num roteiro de outra pessoa”.

Não previmos que o rolo compressor da publicidade pudesse substituir o olhar e o desejo das pessoas, que a televisão ligada em substituição a relação física criassem um vinculo de relacionamento substitutivo a ponto de arriscarem a vida, por estarem comprometidos com a evolução no jogo. Sabíamos e alertamos sobre a falta do olhar sobre as crianças, o abandono que reverberaria.

poke

Nem a psicologia pode supor que os jovens seriam tragados pela mídia a ponto, não de substituir, mas de nunca ter desenvolvido uma voz interna que fizesse oposição ao mercantilismo comercial. A indústria produziu um sonho e o espalhou através do marketing bilionário. Encontrou eco no vazio existencial de toda uma geração.

* Karina Younan é psicoterapeuta formada pela PUC de Campinas e Mestre em Ciências da Saúde pela Famerp

1 COMENTÁRIO

  1. Acho que seria interessante mostrar os dois lados da moeda na reportagem, porque assim como este jogo traz coisas nocivas também traz benefícios para muita gente. Olhe o trecho desta reportagem “Como o EXTRA mostrou anteriormente, um hospital infantil de Michigan, nos Estados Unidos, apresentou às crianças o game e conseguiu dois grandes feitos: os pacientes saíram de seus leitos e interagiram entre si,
    — O jogo pode ter esse potencial antidepressivo, a tecnologia ajuda a fazer amizades. Assim como teve um efeito positivo no hospital, também pode ser usado de forma positiva no dia a dia — acredita Patrícia: — As pessoas ainda tem muito preconceito com as tecnologia, dizem “a criança não brinca mais de bola na rua”, mas é preciso entender que elas nasceram na tecnologia. A linguagem delas é essa.” Ponto importante: Os adultos, adolescente e crianças de hoje, nasceram na Era Tecnológica e isso não tem volta e nem por isso o mundo acabará, muito pelo contrário, a tecnologia irá avançar ainda mais forte junto com a humanidade. Cabe da parte de todos o bom senso e saber tirar proveito e usufruir desta “Era” que hoje vivemos da melhor forma possível.