Por Kelvin Kaiser — O empreendedorismo demanda muito conhecimento. Para empreender a pessoa precisa ter domínio do segmento, e na área rural isso é uma dificuldade. É comum vir dúvidas do tipo: quem pode me ajudar a empreender? Quem pode me auxiliar em uma mudança, efetiva, de uma propriedade rural?

kelvin-5Temos percebido que as propriedades rurais, normalmente, são herdadas por segunda ou terceira geração. São pessoas que não sabem o que fazer com a propriedade, por não conhecerem o setor, e na maioria das vezes consideram a possibilidade de vendê-las, ou seja, de se desfazerem de um patrimônio.

O agronegócio antigo vivia de ciclos. Por exemplo, no ciclo da laranja todo mundo plantava laranja; quando ficava ruim, todos cortavam os laranjais e partiam para o próximo ciclo. Mas essa modalidade de ciclos está acabando, porque a gestão dentro do agronegócio mostra que os ciclos não são bons, porque a pessoa acaba entrando num ciclo no momento em que ele já está indo do meio do seu ápice para o momento de queda, o que não é interessante. Com a diversificação esse problema se resolve.

A partir do momento que você pega a sua propriedade e diversifica, fica com “vários ovos em várias cestas”. Então, se nesse momento o gado está bom, ele vai ajudar a sustentar a fazenda, enquanto a seringueira e a madeira não estão prontas. No momento que o gado cai, a seringueira está boa e sustenta a propriedade, e o empreendedor rural vai se consolidando em todos esses ramos de negócio que tem dentro da propriedade.

Nós aprendemos com nossas necessidades e hoje disponibilizamos isso para outras pessoas. Deixamos de ver nossa propriedade como um hobby e a transformamos em negócio. Onde era apenas gado, analisamos o mercado de seringueira e iniciamos o plantio. Depois de um tempo analisamos o mogno africano como uma madeira nobre, que poderia agregar num projeto silvipastoril, e foi nascendo a empresa. Se antes tínhamos ajudas pontuais de alguns profissionais, hoje contamos com uma equipe extremamente capacitada, para atender essa necessidade de diversidade.

Seguindo essa tendência, vemos que o Mato Grosso do Sul está se tornando um grande polo de madeira na parte de látex, e um grande polo de madeira nobre, por ser uma terra um pouco mais barata do que no estado de São Paulo, mas por estar próximo e pertencer a pessoas de São José do Rio Preto.

O que temos visto, até mesmo através da mídia, é que não existe mais espaço para o agronegócio antigo, caseiro, onde a pessoa toca o negócio sem saber se está, ou não, dando lucro. A tecnologia avança cada vez mais, até porque o agronegócio é um dos grandes negócios do Brasil, e ainda hoje é o que sustenta o País. A tendência é que, cada vez mais, a tecnologia ganhe espaço, e a diversificação é o que ajudará o empreendedor rural a se manter no mercado.

Kelvin Kaiser — Empresário com formação em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie