Por Ivanaldo Mendonça — A lida com pessoas desafia-nos, constantemente. Se por um lado este desafio obriga-nos a rever quem somos, o que pensamos, sentimos e fazemos e, desta forma, o contato e convívio com pessoas é oportunidade especial para o crescimento e amadurecimento, somos também obrigados a lidar com realidades extremamente difíceis. Para além das dificuldades que temos, a dificuldade que somos; para além das dificuldades que os outros têm, as dificuldades que os outros são.

Não podemos refletir sobre questões dessa natureza baseados em simpatias e/ou antipatias, critérios superficiais e tendenciosos. A lida com pessoas visa, de maneira objetiva, o aprimoramento das relações interpessoais, como condição para a evolução, em todas as dimensões. Através da reflexão, antes de tudo, olhemos para nós mesmos; não responsabilizarmos os outros por nossas incompetências e dificuldades.

Deparamo-nos com realidades e situações objetivamente difíceis, insustentáveis e aparentemente insuportáveis. O que fazer? Primeiramente, viver com fidelidade nossa missão vital; se diante do cumprimento de nosso dever dificuldades se apresentam, enfrentemo-las com maturidade e equilíbrio, sabendo que superá-las faz parte do processo. A experiência tem despertado nossa atenção para dois graus de dificuldades na lida com pessoas, graus cuja conceituação está ligada ás raízes destas mesmas dificuldades.

Um dos graus da dificuldade na lida com pessoas é a maldade. Com pessoas más não há conversa; são configuradas no prazer e satisfação pela destruição, sua e de outros. O único recurso capaz de lidar e vencer a maldade é a fé cristã que educa-nos ao amor gratuito, para além de todas as coisas. Escolho amar o outro não obstante seus ataques e, mesmo sofrendo por isso, sua maldade não macula minha essência.

Outro grau de dificuldade a ser considerado na lida com pessoas é a doença. Pessoas doentes não são necessariamente maldosas. Embora muitas de suas ações sejam desmedidas e destrutivas, diferentemente dos maldosos, elas sofrem. Sofrem por serem quem são, por serem como são, por pensarem com pensam, por fazerem o que fazem, da maneira como fazem. Onde há sofrimento há dor, onde há dor é necessário cura, onde é possível cura é possível libertação, onde é possível libertação é possível recomeço.

Quando agredido por um maldoso, embora sinta e sofra, não me concentro nele, tampouco no que faz; concentro-me no amor maior, o amor de Deus, no qual encontro forças para amar o maldoso e não sua maldade. O amor me refaz e os atos de destruição não me corrompem como desejariam. Quando agredido por um doente, dou-me conta de sua dor e sofrimento e, no amor de Deus, encontro forças para ser misericordioso e, se necessário, socorrê-lo. Contra a maldade ou doença, o remédio é amar.