Ivanaldo Mendonça — O tempo pascal insere-nos no grande mistério da salvação (paixão-morte-ressurreição do Senhor). A partir da ‘ressurreição de Jesus’, a vida de cada discípulo, e de todos os discípulos, precisa ser relida; todos os acontecimentos adquirem novo valor, sentido e significado. A transformação dos apóstolos, os primeiro chamados por Jesus, ilustra esta verdade. Tanto pessoalmente quanto como comunidade, a força da ressurreição age poderosamente sobre eles.
- Pedro: De sinceridade radical, impulsivo e impetuoso. Tornou-se o primeiro Papa, edificou a Igreja, entregou a vida derramando seu sangue por Cristo.
- Tiago. Ambicioso, reivindicou lugar de destaque. Foi o primeiro a experimentar o martírio em nome de Cristo. A ambição foi superada por uma inspiração inigualável.
- João. Amado e dócil como todo afetivo, sofria da necessidade de reconhecimento. Entendeu a lição do amor: permaneceu diante da cruz, reconheceu o ressuscitado.
- André: Comunicativo, culturalmente aberto e, ao mesmo tempo superficial. Deu a vida pela fé, alcançou a profundidade.
- Felipe: Capaz de aproximar as pessoas, porém, desligado, um tanto superficial. Parecia não conhecer Jesus, mesmo estando com Ele. Levou o Evangelho á Grécia, foi martirizado na Frígia.
- Bartolomeu ou Natanael. Irônico afirma: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” Vence o preconceito: “Rabi tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. Da aparência mergulha na essência.
- Mateus: Publicano, não muito religioso, agia em nome do império. Seguiu imediatamente o Mestre e, mais, escreveu a missão, redigindo o Evangelho.
- Tomé: Movido pela lógica do ‘ver para crer, homem das ciências exatas, incapaz de acreditar no testemunho de outros. Alcançou a visão da fé: “Meu Senhor e meu Deus”
- Tiago (Menor). Primo de Jesus, tentado a misturar-se a incredulidade de seus conterrâneos, tornou-se uma das principais lideranças na comunidade de Jerusalém.
- Judas Tadeu. Sempre calado, na última ceia pergunta: “Senhor, como te explicas que te manifestarás a nós e não ao mundo”? Consciente, queria que mais pessoas participassem. O pacato cidadão encontrou o equilíbrio. Foi missionário na Samaria e Iduméria.
- Simão, o zelota. De um partido radical, queria pegar em armas para libertar Israel. Fiel as suas tarefas e até violento, reconfigurou seu zelo. Tornou-se um grande missionário.
- Judas Escariotes. Comprou seu fracasso por trinta moedas de prata; capaz de tudo para atingir seus objetivos, o traidor fez um grande favor á humanidade, deflagrando o ápice da salvação.
O dom pascal não nos priva dos limites e defeitos próprios da natureza humana. A Páscoa nos transforma e capacita para, além de limites e defeitos, sermos fiéis. Mais que perfeição, fidelidade é o grande dom pascal.
Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
ivanpsicol@hotmail.com