selo-ivanaldoIvanaldo Mendonça – O início de um novo ano reaviva no coração da humanidade o anseio pela Paz. A celebração do primeiro dia do ano, Dia da Confraternização Universal e Dia Mundial da Paz, expressa, com clareza, esta consciência e desejo profundo. Embora tão sonhada, percebe-se que, em geral, as pessoas não sabem o que desejam quando clamam ou rezam pela Paz.

Prova disso é que Paz é mais um, entre tantos conceitos, definidos pela negativa, ou seja, por aquilo que atrelamos ao conceito de Paz o não ficar doente, não ter problemas, não experimentar dissabores.  O dicionário define Paz como ausência de perturbação, violência e guerra. Sendo assim, supõe-se que, necessariamente, quem não está doente, não vive dissabores, não está perturbado ou em guerra, viva em Paz. Certo? Errado. A Paz não contraria as leis naturais: envelhecer, adoecer e enfrentar conflitos de todas as naturezas faz parte do processo de desenvolvimento humano. A maioria das pessoas não está doente, perturbada ou em guerra e, no entanto, não vive em Paz.

Shalom é o termo do vocabulário hebraico que significa Paz.  A Bíblia, livro sagrado para judeus e cristãos, sobretudo no Antigo Testamento, utiliza mais de 250 vezes esta palavra. Para os hebreus Shalom significa plenitude de dons e bens em todas as dimensões (física, mental, espiritual e social). Este conceito supera, em muito, a visão reducionista de Paz, entendida e propagada como sinônimo de bem-estar, focada em questões e coisas de ordem material, apenas.

A célebre oração de Francisco de Assis expressa o quanto a Paz, definida positivamente, por aquilo que é, e entendida como plenitude de bens, coloca-nos em constante movimento. “Onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, onde houver discórdia que eu leve a união”. O conteúdo, para além da dimensão religiosa, evidência que a Paz é dinâmica, realidade a ser construída, processo a ser implantado.

Paz não é ausência, Paz é presença! Engana-se, profundamente, quem pensa promover a Paz, simplesmente não promovendo a guerra; quem se contenta em afirmar que não faz o mal, omitindo-se a fazer o bem que pode; quem se coloca na arquibancada dando-se o direito de metralhar os que entram em campo empunhando a bandeira da Paz.

Somos convocados, primeiramente como membros da família humana, e depois, pela missão e fé que professamos, a apresentarmo-nos como agentes promotores da Paz.

Presente! Paz conte comigo! Apresente-se, você também!

Paz é presença!

* Ivanaldo Mendonça, Padre, Pós-graduado em Psicologia, ivanpsicol@hotmail.com