Por Ivanaldo Mendonça — Por onde começar? Creio ser esta uma das questões mais frequentes em nossos tempos.

Quando a questão é matemática, começa-se pela fórmula; quando é científica, pela observação; quando é técnica, pela instrução; quando é cultural, pela história; quando é filosófica, pelos pensadores. E quando a questão é do coração (não do órgão, mas daquilo que o coração representa)? Quando a questão é de dentro, do mais profundo do ser?

Por onde começar?

“A paz esteja convosco!” Assim Cristo Ressuscitado apresenta-se aos discípulos que, abatidos, lamentavam o desperdício dos esforços empreendidos no seguimento de um tal Jesus, que morrera na cruz. A primeira atitude do Ressuscitado é preencher o lugar onde os discípulos estavam (ambiente externo) e o coração de cada um deles (ambiente interno) com a Paz. No sentido bíblico Paz significa plenitude de bens, tudo o que é necessário para ser e viver com dignidade e plenitude. A Paz do Cristo proporciona quietude, conforto, confiança e segurança ao coração de cada discípulo.

Tantas questões nos pegam por dentro: medos, conflitos, contradições, dúvidas, desânimo, decepções e incertezas. Diante delas, fórmulas e argumentos, por mais óbvios que sejam, não fazem sentido. Não por acaso, é cada vez maior o número de estudados, bem-sucedidos, inteligentes, famosos ou anônimos, que recorrem às drogas (dos remédios às ilícitas), a atitudes extremas (da violência física ao suicídio) em busca de alívio, algo que nunca experimentaram mas desejam profundamente. Anseiam pela Paz!  Possuem “tudo”, porém falta-lhes força necessária e suficiente para que se amem, se respeitem e se valorizem independentemente das circunstâncias externas.

Se o Ressuscitado começasse repreendendo, explicando, provando, instruindo ou criticando, nada teria conseguido. Ele começa pelo mais simples, importante, necessário, essencial. Ele começa pelo coração: “A Paz esteja convosco!” Lógica, argumentos e aplausos não convencem corações atormentados porque necessitam de Paz.

O Ressuscitado nos traz a Paz. Como aos discípulos de ontem, hoje e sempre, Ele se nos apresenta e oferece, gratuitamente, este dom. Se queremos superar as questões do coração e ser verdadeiramente felizes, abracemos Esta Paz. Se de fato, amamos aqueles que estão sob nossa responsabilidade e não queremos que se percam, sobretudo, quando abatidos pelas dores do coração e da alma, ensinemos e ajudemo-los a abraçar Esta Paz.

Então, já sabemos por onde começar!

“A paz esteja convosco!”

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia