selo-ivanaldo_thumb.jpgPor Ivanaldo Mendonça — Dentre as realidades que envolvem a existência humana algumas são, igualmente, simples e complexas, objetivas e subjetivas, concretas e abstratas. Dentre estas, as questões relativas á presença e ao ser presença ocupam lugar especial. Teoricamente, presença significa existência, ato de comparecer ou estar num determinado lugar; na prática são muitas as reflexões, discussões, medos e dúvidas.

Na tentativa de compreender e administrar estas questões, a cultura ocidental, fortemente marcada pelo racionalismo, pela lógica matemática e pensamento dualista (que resume todas as realidades em: ou ‘isso’ ou ‘aquilo’), ao fragmentar o conceito de presença, fragmentou, igualmente, sua funcionalidade. A presença passou a ser considerada sob vários aspectos, alguns de percepção mais simples, outros, de percepção mais apurada.

A presença física corresponde à manifestação através da materialidade. A expressão ‘corpo presente’ traduz esta realidade, fazendo-nos entender que, alguém não está presente por inteiro, ou melhor, não está. A presença mental equivale à capacidade de estar presente através da força intelectual.

Os grandes pensadores marcam presença ao longo dos tempos, através de suas obras. A presença emocional remete ao sentido e significado que coisas e, sobretudo pessoas, deixam fortemente marcado em nós. Mesmo à distância, mãe e filho estão profundamente unidos e presentes um no outro. A presença espiritual, ultrapassando a densidade da matéria, atinge o nível mais abstrato de presença, o das realidades que não estão ao alcance dos olhos, mas existem e estão presentes.

Embora a fragmentação sistemática e pedagógica objetive favorecer a compreensão e assimilação desse conteúdo, é inegável que o ser humano só está de fato, presente, quando por inteiro, quando mobiliza a totalidade do seu ser: o físico, o mental, o emocional, o espiritual. Esta presença plena caracteriza sua individualidade, a forma única, exclusiva e intransferível como ocupa espaço, fazendo-se, de fato, presença.

Presença parcial é ausência! Desconsiderar a totalidade do ser faz com que, da reflexão à prática, cometamos equívocos. Não estar presente por inteiro faz com que vivamos a limitante condição da divisão que desintegra o ser, fazendo-nos pensar, sentir e agir pela ‘metade’, consequentemente, fazendo-nos, infelizes, pois não existe meia felicidade.

O desenvolvimento, equilíbrio e amadurecimento humano exige presença, presença plena. Quando não se tem ou se perde a condição de ser presença, tudo o mais está comprometido e, por isso, fadado ao fracasso. Ser presença é desafio e, ao mesmo tempo, solução.

Sejamos presença!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

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