Por Ivanaldo Mendonça — A verdade de que o ser humano está em constante desenvolvimento impõe-se por si só, cada vez mais. Esta constatação traz consigo a necessidade de compreender que, necessariamente, o humano passa por um processo permanente de construção-reconstrução do qual, uma das principais características, é a relação de continuidade e descontinuidade: simultaneamente permanece o mesmo e está diferente, não como negação, mas como afirmação de si, á medida que se refaz.

Vale considerar um aspecto relevante sobre as formas através das quais as pessoas vivenciam processos de construção-reconstrução tanto individual quanto coletivamente. O aprimoramento da difícil arte de gerir pessoas permite-nos identificar e considerar estes elementos, suas etapas e fases, favorecendo intervenções cada vez mais assertivas, assim como maturidade e equilíbrio no exercício da missão de liderar.

O processo básico de construção-reconstrução pode ser organizado, pedagogicamente, em dez etapas; cada uma delas pode-se desdobrar em fases diversas, impossibilitando a determinação exata de tempo cronológico, uma vez que deve-se considerar as particularidades, das físicas ás espirituais, de cada pessoa e/ou conjunto de pessoas.

Assim:

  • 1ª etapa: Ignorância (o desconhecimento e acomodação total da necessidade de mudança)
  • 2ª etapa: Sensibilização (o despertar-se ou incomodar-se perante a necessidade de mudança)
  • 3ª etapa: Choque de realidade (o espanto perante a necessidade de mudança)
  • 4ª etapa: Negação (a não aceitação da necessidade de mudança)
  • 5ª etapa: Acusação (a busca de culpados e apresentação de justificativas contra a necessidade de mudança)
  • 6ª etapa: Desilusão (a ameaça de desistência de tudo o que se fez e do que se tem por fazer)
  • 7ª etapa: Crise (o confronto interno e externo com a necessidade da mudança)
  • 8ª etapa: Tomada de consciência (o despertar para as novas realidades e necessidades)
  • 9ª etapa: Resignificação (a releitura do passado e a elaboração de novas perspectivas)
  • 10ª etapa: Transformação (a aceitação plena e os investimentos concretos para que as mudanças aconteçam)

Uma vez que o processo de reconstrução-reconstrução é orientando e conduzido, interna e externamente por referenciais sólidos, colabora para o saudável desenvolvimento de cada pessoa, de todas as pessoas envolvidas e, consequentemente, da relação que estas estabelecem com a realidade que as envolve.

Sem dúvida, cabe, primeiramente aos líderes e gestores, submeterem-se a este processo de forma consciente, livre e responsável, adquirindo recursos para disponibilizar, aos seus liderados, condições suficientes de continua superação.

Afinal de contas somos humanos em construção-reconstrução.

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

ivanpsicol@hotmail.com