Por Ivanaldo Mendonça – Ainda jovem vivera umas das maiores, senão, a maior de suas dores. O namoro chegara ao fim; fora traída. A história seria mais uma entre tantas se o relacionamento não fosse o mais perfeito e belo de todos os possíveis e imagináveis.

Era tratada como princesa, sua família como uma corte, com certeza, por um príncipe, o qual todos reverenciavam com admiração e respeito.

Diante dos fatos e provas, restou ao traidor servir-se da imagem de bom moço para pedir perdão, justificando-se. Afinal de contas, alguém tão sedutor não resistiria às investidas de tantas outras. Por fim, acrescentou: ‘homem é homem’.

Inconformada, ela buscava respostas, concluindo que não valeria mais a pena viver e conviver com tamanha dor. Derramou-se em lágrimas sem forças para reagir.

Desde sempre e para sempre traídos e traidores nunca faltarão. Merece atenção o fato de aquela jovem concluir que sua vida não fazia mais sentido, por haver rompido um relacionamento que pertencia muito mais ao mundo da fantasia que da realidade.

Embora jovem, inteligente e bela, ela reduzira e resumira sua vida e existência àquele relacionamento. E aquela dose de rebeldia própria dos jovens? E os amigos de escola, a turma da faculdade, os amigos das redes sociais? E a família? Todos estavam aí, onde e como sempre estiveram.

No entanto, ela deixara de pertencer a si, deixara de conviver com os seus, para viver, conviver e, em ultima instância, submeter-se aos mandos e desmandos, caprichos e dengos daquele que dentre tantas coisas, roubara dela a pertença a si. Por isso tanta desilusão e descrédito à vida.

O doloroso fim deste relacionamento permite-nos perguntar: sofrimento ou livramento? A quem se submete a abrir mão de si, sendo engolido por outros, com certeza, sofrimento. A quem ama a vida, sonha e trilha os passos com retidão e fé, com certeza, livramento que, a médio e longo prazo se converterá em benção.

Segue seu caminho, menina! Seja feliz, de verdade!

Permita-se recomeçar, pular, brincar, sorrir e chorar. Mantenha-se digna, reta no caráter e firme na fé, estas são suas raízes. Ele perdeu! Você ganhou liberdade, autonomia, felicidade. Tens um longo caminho a percorrer, tens a vida toda pela frente.

O escritor Fabio de Melo expressa: ‘Há pessoas que nos roubam de nós, há pessoas que nos devolvem para nós’. Esta dor momentânea fez-lhe um grande favor, devolvendo-lhe a você mesma, devolvendo-lhe a posse de si.

* Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
ivanpsicol@hotmail.com