Por Ivanaldo Mendonça —O caminho quaresmal sugere-nos refletir, rezar e partilhar, á luz da Palavra de Deus e do ensinamento da Mãe-Igreja, através dos exercícios espirituais propostos para este rico e fecundo tempo (oração, jejum, caridade e penitência), tendo em vista mudanças de atitude, que nos aproximem, cada vez mais, da vontade de Deus, á qual assumimos viver de forma livre, consciente e responsável. Firmes nesse propósito aprendemos: resistir a tentação, viver na graça de Deus, testemunhar o amor e testemunhar a libertação.

A quinta semana da quaresma sugere-nos: testemunhar a vida! Ajuda-nos, neste empreendimento de fé, o evangelista São João (Jo 11,1-45), narrando a passagem da ressurreição de Lázaro. Ainda longe, Jesus fica sabendo que o amigo Lázaro está doente; chega dois dias após a morte; Marta e Maria, irmãs do morto, mesmo sentidas, são capazes de reconhecer Jesus como o Senhor da vida, crendo na ressurreição, no dia final. Jesus pede de ir ao sepulcro, manda tirar a pedra e chama: ‘Lázaro vem para fora!’. Assim, devolve a vida ao amigo.

O evangelho de João caracteriza o feito de Jesus como ‘sinal’, contrapondo-o, à leitura superficial e imediatista que enxerga, simplesmente, ‘mágica’ e ‘espetáculo’. Um ‘sinal’ quer transmitir algo além daquilo que se pode alcançar de imediato. O semáforo nos ajuda a compreender: cada cor possui um sentido, um significado, transmitindo uma mensagem que vai além da própria cor.

Na força da fé, somos alcançados pela mensagem, sentido e significado da ressurreição de Lázaro: Jesus é o Senhor da vida! Ele não simplesmente impede que Lázaro morra, mas, vai além, devolve-lhe a vida; ação que ultrapassa toda e qualquer compreensão visto que, diante da morte, humanamente, nada se pode fazer. Razão, poder, ciência, força… Lázaro estava morto há quatro dias.

Para a glória de Deus! Para que a fé seja acolhida! Para que permitamos, também, que Jesus nos devolva a vida! Embrenhados em tantas coisas, arriscamo-nos a ser acometidos da maior e pior de todas as mortes: a morte espiritual, que nos tira o amor á vida, ás pessoas, a alegria, a esperança, rouba-nos o sorriso, o brilho no olhar, a capacidade de partilhar e compartilhar.

A palavra também ensina: abracemos como presente de Deus o dom da amizade. A amizade profunda e fecunda entre Jesus e Lázaro faz-nos reconhecer os amigos como presentes de Deus. Amizades verdadeiras vêm de Deus, permanecem em Deus e conduzem para Deus. Assim, pela força da fé, a vida se faz e se refaz. Testemunhemos a vida! Caminhemos para a Páscoa!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

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