Por Ivanaldo Mendonça — À proximidade da celebração da Páscoa intensifica, no coração daqueles que assumem viver a proposta do período quaresmal, o desejo por tornar, cada vez mais realidade, a vontade de Deus. Ao mesmo tempo, as forças do mal, que objetivam desviar-nos dos propósitos assumidos, sobretudo, através da prática da oração, jejum, caridade e penitência, intensificam os ataques. Cada passo dado com firmeza exige resgatar e fortalecer o aprendizado obtido até agora: resistir á tentação e viver na graça de Deus.

A terceira semana da quaresma apresenta-nos como propósito de vida e fé: Testemunhar o amor. Somos iluminados, neste empreendimento, por um dos mais belos encontros de Jesus, o encontro com a Samaritana, relatado pelo evangelista João (Jo 4,5-42). Teoricamente, por razões óbvias, este encontro jamais poderia acontecer: por tratar-se de uma mulher; porque judeus não se dão com samaritanos; por ser ela uma pecadora, tivera cinco maridos e o atual não era seu.

Interessante notar o movimento feito por Jesus. Junto ao poço, Ele pede de beber. A iniciativa de Jesus revela a pedagogia de Deus, que sempre se aproxima de nós. Através do diálogo, o muro que separava o coração daquela mulher do coração de Deus, começa a ser derrubado. Ilusão e mentira cedem lugar á transparência e verdade, ela partilha sua história. Ela se revela seca e sedenta de amor, Ele se apresenta como água viva, que jorra para a vida eterna. Ela pede: dá-me de beber desta água. O que seria embate converte-se em amoroso encontro.

A mulher, antes desejada e possuída por tantos homens, mas que continuava sedenta encontra, em Jesus, um amor que a preenche totalmente, sem que fosse necessário tocar ou ser tocada, fisicamente. Tão intenso e profundo fora aquele encontro que ela converte-se num testemunho vivo do amor de Deus: vai à cidade, anuncia e proclama, atraindo tantos outros que, igualmente, aderiram á fé em Jesus.

O que nos impede de testemunhar o amor? As ilusões que nos levam aos falsos amores, esgotando-nos, por dentro e por fora, tornando-nos objetivos, roubando-nos de relacionamentos verdadeiramente humanos. Deixando-nos amar, primeiramente por Deus e, por amores que a Ele nos conduzem, tornamo-nos capazes, por Sua graça, de amar e ser amados, dignamente. Assim, como a mulher samaritana, convertemo-nos em testemunhas do amor, oferecendo nossa história, para que tantos outros se permitam ser tocados e transformados pelo amor de Deus. Testemunhemos o amor! Caminhemos para a Páscoa.

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

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