DHOJE — Todos os indicadores mostram que Olímpia será a cereja do bolo da Região Metropolitana de S J do Rio Preto. O projeto que cria a nova unidade percorreu todas as Comissões da Assembleia e espera ser pautado para votação a qualquer momento. Até o último sábado (29/maio) , recebeu 16 emendas.

Duas delas, uma do deputado estadual Itamar Borges (MDB), e a outra do deputado Maurici (PT), propõem a inclusão de Olímpia como o 36º município do novo agrupamento urbano. Outros deputados querem ainda incluir Barretos, Colina e Colômbia.

Além da proximidade, dos laços culturais e da dependência de Olímpia da infraestrutura de Rio Preto, a articulação junto ao governo do Estado e o convite do prefeito Edinho Araújo (MDB), ao prefeito de Olímpia, Fernando Cunha, para integrar a Região, carrega motivos estratégicos.

Olímpia ocupou um segmento econômico que Rio Preto persegue há 30 anos e nunca se voltou para estruturá-lo na cidade: o turismo. Além de Rio Preto, que não para de avançar graças a uma estratégia de desenvolvimento do município e uma economia diversificada, limpa e de ponta, atraindo pessoas e investimentos de todo o Noroeste Paulista, Olímpia é a bola da vez.

Locomotiva que não para

O turismo em Olímpia é uma locomotiva que não para. Se passar a integrar a Região, será o 2º orçamento, ultrapassando Mirassol, a 2ª cidade em habitantes, 60 mil, e arrecadação prevista para 2021 em R$ 185 milhões. Olímpia tem estimados 55 mil habitantes e um orçamento previsto de mais de R$ 235 milhões. A arrecadação entre 2014 e 2021 cresceu 55%. Em apenas 5 anos.

Olímpia é o parque aquático que mais recebe turismo na América Latina é o 5º mais visitado do mundo. Entre 2019 e hoje o crescimento foi de 31,6% em relação a todos os parques latinos americanos. Surpreendentemente, é a 2ª cidade do Estado em leitos em hotelaria, atrás apenas da Capital, e à frente de Aparecida, a 3ª. São Paulo tem 75.600 leitos, Olímpia 25.999 e Aparecida, 20.649. Rio Preto está em 13º com 5 mil leitos. Em 2016 eram apenas 9.776 leitos.

Impressiona o número de visitantes, em 2017 foram 2 milhões de turistas. Em 2019, 2,9 milhões. Em 2021, mesmo fechada entre março e outubro, mais de 1 milhão de pessoas. Projeta-se para o ano que vem 3,5 milhões de visitantes e em 2025, 6 milhões, observando que parte deles não são brasileiros.

O orçamento do município reflete essa explosão de crescimento. Em 2014 foi de R$ 164,6 milhões, e a previsão para 2021 é de R$ 250,3 milhões. Um aumento de mais de 50% em apenas 5 anos.

É de interesse de Rio Preto que o 2º maior orçamento da região, e uma circulação financeira ainda não medida, alimentada por dólares e euros, esteja integrada.

Prevê-se que a Região Metropolitana promova em torno de R$ 30 bilhões em negócios já no ano da largada.

Hoje, a arrecadação em Olímpia é a 2ª entre as 36 cidades e tem a perspectiva de crescer exponencialmente, bem mais que as outras, ao lado de Rio Preto.

Luta é para ter aeroporto e conseguir a duplicação da Assis Chateaubriand

Um dos projetos mais caros à administração de Olímpia para dar suporte ao seu desenvolvimento é a construção de um aeroporto internacional (que o município ainda chama de regional) na rodovia Assis Chateaubriand. Tem espaço suficiente para uma pista para receber grandes aviões. Com o fluxo de turistas no aeroporto de Rio Preto, em torno de 700 mil passageiros ano com crescimento de 10% ao ano, a administração de Olímpia tem estudos para a construção com estimativa de passageiros até 2038.

Com a cidade na Região Metropolitana, a gestão única do grupo pode priorizar investimentos em um aeroporto existente e integrar Olímpia em outras obras e serviços que ela necessita. Uma delas, expresso em entrevista à Rádio CBN à jornalista Bia Menegildo pelo prefeito Fernando Cunha, é a duplicação da rodovia Assis Chateaubriand.

Olímpia também tem previstos investimentos na infraestrutura urbana e instalação de espaços nobres como um Outlet. Hoje 8 mil pessoas trabalham no segmento.

Um dos entraves para um aeroporto internacional, lá ou aqui, é a instalação de uma delegacia da Polícia Federal e um departamento de fiscalização fitossanitário. Sem a PF não existe aeroporto internacional. Faz 10 anos que o de Rio Preto aguarda esse equipamento público. A Federação diz que não tem como arcar com mais esse custo. Uma solução é a transferência da sede da PF em Rio Preto para o prédio do aeroporto. Fica faltando a área biológica.

Prefeito de Olímpia diz que a cidade “é pendurada em Rio Preto”

O prefeito Fernando Cunha (PSD) disse que a possibilidade de integrar a Região começou quando surgiram as primeiras informações sobre as intenções do governo estadual. “O prefeito Edinho Araújo me ligou para participar da reunião”, revela. Cunha sempre é convidado, mesmo pertencendo à região de Barretos. “Nós não temos nenhuma ligação com Barretos. Olímpia é pendurada em Rio Preto”, afirma.

O prefeito diz que o estudo da Fundação Seade para a criação da Região foi feito a partir da divisão das regiões administrativas que existem no Estado. Por isso, Olímpia inicialmente ficou de fora. Legalmente, pertence à região de Barretos. “(Rio Preto e Olímpia) Somos galhos da mesma árvore”, afirma. “Agreguei os dados de Olímpia e falei com o Rodrigo Garcia, o Geninho (Zulianii, deputado federal pela cidade), o Carlão Pignatari (presidente da Assembleia Estadual) e eles entenderam”. Cunha mostrou que todos os laços são entre Olímpia e Rio Preto.

Fernando Cunha é entusiasta da gestão compartilhada da macrorregião. “Temos a questão sócio cultural. Para nós é natural”. Ele lembra que além das questões como aeroporto e duplicação da rodovia Assis Chateaubriand, que recebe 15 mil veículos ao dia, sua maior preocupação é com o lençol freático Aquífero Guarani. Afinal, o turismo é baseado em águas termais retiradas do Aquífero.

“Hoje Rio Preto usa muito e vai continuar se não tiver outro entendimento. Rio Preto tem 9 poços profundos que captam água no Aquífero. Ele defende captar água no rio Grande e distribuir para as cidades da Região. Com a chegada de mais 36 cidades essa possibilidade aumenta substancialmente. Cita como parte de um possível consórcio Cedral, Mirassol, Bady, etc. Na verdade, toda a região pode ser abastecida pelo rio Grande, incluindo Olímpia.

Fernando Cunha lembra que Olímpia depende de Rio Preto nas áreas de educação e saúde. “Na área da Saúde a gente fica capengando com Barretos. Rio Preto é outra dimensão”, alega.

“Olímpia sempre foi uma cidade que ficou no meio de uma ‘zona cinzenta’. Pertence oficialmente à região de Barretos, até a década de 1980 recebia os sinais da EPTV de Ribeirão Preto, e a TV Globo Noroeste Paulista, de Rio Preto, era proibida de fazer matérias na cidade. Quando tinha um fato relevante, a direção de jornalismo daqui pedia para que uma equipe de Ribeirão fizesse a matéria, e a repassasse para ser exibida em Rio Preto”, frisou o prefeito.

Edinho acha a integração “justa” e destaca economia “expressiva”

Para o prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo, “é mais do que justa a inclusão do município de Olímpia na futura Região Metropolitana de São José do Rio Preto”.

Edinho afirma que a inclusão de Olímpia, não é “apenas pela proximidade à nossa capital regional, Rio Preto, mas também pelos números expressivos da sua economia”.

Destaca “o turismo da água quente e reconhecida como a Capital Nacional do Folclore. Olímpia é hoje um dos principais polos turísticos do Estado e do Brasil” e lembra que antes da pandemia, em 2019, “o município recebeu quase 3 milhões de turistas”.

“São números significativos que nos levam a apoiar desde o início a participação de Olímpia na futura Região Metropolitana, o que tenho feito desde o início dos debates e tramitação do projeto, que em breve se tornará realidade”, diz Edinho.

 Bolçone: Olímpia é fundamental para a consolidação da Região Metropolitana de Rio Preto

Para o vice-prefeito de Rio Preto, secretário de Planejamento e diretor do Parque Tecnológico, Orlando Bolçone (DEM), Rio Preto e Olímpia têm uma relação histórica que vai além da proximidade geográfica. São cidades amigas, sempre parceiras”.

Para ele, a “integração à Região Metropolitana. Como polo turístico estruturado e reconhecido nacionalmente, Olímpia tem muito a contribuir com o desenvolvimento regional de maneira extremamente positiva”.

E é assertivo: “o ingresso de Olímpia é fundamental para a consolidação da Região Metropolitana de Rio Preto”.

Itamar Borges faz emenda a pedido de Edinho, Fernando Cunha, Geninho Zuliani e Carlão Pignatari

Duas emendas tratam da inclusão de Olímpia. Uma delas, de Itamar Borges. Ele afirma que apresentou “a emenda a pedido dos prefeitos de Olímpia, Fernando Cunha, e de Rio Preto, Edinho Araújo, e em comum acordo com o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), Carlão Pignatari, e com o deputado federal Geninho Zuliani, que já foi prefeito de Olímpia”. Lembra que apresentou a emenda na presença do governador João Dória na visita que fez a Rio Preto dia 18/maio.

Ele fundamenta a emenda falando da “integração prática e cotidiana muito forte entre Olímpia e Rio Preto”. Itamar anota que a cidade é “uma das estâncias turísticas mais importantes do País, com seus parques aquáticos termais e o tradicional festival de folclore”.

“Olímpia é fundamental para consolidar a futura Região Metropolitana”. Lembra que ela “depende do apoio dos outros municípios da RM, como o aeroporto e a rede de serviços de Rio Preto, a exemplo dos de saúde”, argumenta o deputado.

Uma 2ª emenda, do deputado paulistano Maurici (PT), com a mesma proposta, usa as mesmas justificativas para integrar Olímpia.

Região Metropolitana integra serviços e possibilita projetos mais baratos e comuns

A Região Metropolitana vai muito além de integrar por integrar municípios próximos. O primeiro objetivo é o barateamento de serviços oferecidos a cada uma das populações que vivem nas 36 cidades. São 36 cidades captando água por conta própria, um sistema de transporte para cada uma delas, uma rede de Saúde pública e outra de Educação, desconectadas entre elas.

Até a formação continuada de professores poderá partir de um único centro. Hoje, pequenas cidades não têm esse programa, obrigatório na rede de ensino. Em alguns municípios, ele é “meia boca”. E por aí vai. Numa Região Metropolitana um dia todas as cidades poderão ter esses equipamentos interligados e com custos bem menores.

A região tem convênios e financiamentos que são dirigidos apenas às Regiões Metropolitanas. Possibilitam projetos conjuntos que levem mais conforto e qualidade de vida aos habitantes do local. Rio Preto sempre foi a “capital informal” da região, desde a chegada da estrada de ferro/1912. A criação da Região oficializa e cria um regramento jurídico a ser seguido por todos.

Hoje, além das atividades que dão suporte à vida, como renda, alimentação, educação, saúde e segurança pública, pode sofisticar a economia e melhorar a qualidade de vida dos quase 1 milhão de habitantes que serão atingidos, com projetos de ponta e novas tecnologias.

Hoje são 36 cidades captando e tratando água. A Região Metropolitana vai possibilitar se chegar a um modelo que todos caibam nele, com preços menores.

As cidade que fazem parte da região

Adolfo, Bady Bassitt, Bálsamo, Cedral, Guapiaçu, Ibirá, Icém, Ipiguá, Irapuã, Jaci, José Bonifácio, Macaubal, Mendonça, Mirassol, Mirassolândia, Monte Aprazível, Neves Paulista, Nipoã, Nova Aliança, Nova Granada, Olímpia, Onda Verde, Orindiúva, Palestina, Paulo de Faria, Planalto, Poloni, Potirendaba, Sales, São José do Rio Preto, Tanabi, Ubarana, Uchoa, União Paulista, Urupês e Zacarias.