Olímpia foi abalada na manhã desta sexta-feira (6) com a morte de um dos religiosos mais respeitados e amados dos últimos 17 anos: Frei Aílton Guimarães. Em 2010, o então Blog do Concon, hoje Diário de Olímpia, noticiava a sua transferência para Bebedouro, juntamente com mais dois outros frades, e, a pedido deste editor, escreveu uma Carta aos Olimpienses, onde retrata o seu amor e, aqui, a sua dor (onde contraiu uma doença nos olhos).

Frei, professor da extinta FAER (Faculdade Ernesto Riscali), assumiu o Educandário de Bebedouro e, aqui, estava convalescente nos últimos dias. O velório se realiza na Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida a partir das 13 horas. Sábado, às 7h30, Missa de Exéquias, e o féretro seguirá para o sepultamento em Franca no Convento Santa Maria dos Anjos.

CARTA AOS OLIMPIENSES – Redigida em 23 de Novembro de 2010, para o Diário

“É com um imenso pesar e grande tristeza, que estou me despedindo de Olímpia, a cidade do meu coração, a cidade que sempre me acolheu, a qual eu amei por inteiro.

Talvez alguns questionamentos possam surgir: por que Olímpia tem um significado especial em minha vida? Eu nunca ganhei nenhum título (ele viria a ganhar a Comenda do Mérito Comunitário no ano seguinte), não fui aclamado “Cidadão Olimpiense”, não andei pelas passarelas da cidade e nem ocupei cargos de destaque. Apenas amei com dignidade e servi sempre.

Foi nessa terra do Folclore, que vivi a minha grande experiência de vida: nas salas de aula das escolas públicas, nos projetos sociais, nas pastorais, nos encontros de dinâmicas, nos festivais do folclore, no trabalho com professores, nas palestras, nos corredores da Faculdade FAER.

Foi aqui que amadureci como profissional e foi aqui que pude encontrar amor na dor! Estou agradecido por tantas manifestações de carinho.

Neste momento, surgem medos, incertezas e vários sentimentos.

Um dia, há quase 9 anos atrás, eu vivia a mesma situação ao deixar a chamada “Cidade Coração”, que é Bebedouro.

Hoje, depois de tantos anos, estou retornando para a velha casa… estou preocupado… onde estão aqueles que um dia choraram porque eu estava partindo de lá? Onde estavam aqueles que não queriam que eu fosse embora? Onde estão os amigos das festas? Onde estão as pessoas que eu almoçava nas casas? Todos SILENCIARAM…

Será que estão com a mesma apreensão que eu? O certo é que vou voltar, mas agora, estou outro, por isso esse sentimento de DEIXAR ALGO QUE FOI CONQUISTADO E CONSTRUIDO COM TANTO AMOR E DEDICAÇÃO”.