O secretário de Estado da Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, juntamente com o prefeito Fernando Cunha, secretária municipal de Turismo e Cultura Priscila Foresti, abrem hoje, às 19h30, uma nova mostra no Museu de arte Sacra e Diversidade Religiosa de Olímpia.

Trata-se de “A outra África: trabalho e religiosidade”, em que estão reunidas 220 obras provenientes da Coleção Ivani e Jorge Yunes, um dos mais abrangentes acervos de arte do país.

“Reconhecer a presença africana amplia a nossa concepção de mundo e permite perceber aspectos das relações entre povos e regiões do planeta pouco conhecidos e compreendidos ao longo do tempo. Tal aprendizado ilumina nosso entendimento sobre processos históricos e dinâmicas sociais”, ressalta Beatriz Yunes Guarita, diretora da Coleção Ivani e Jorge Yunes.

Para a mostra, o curador e pesquisador de arte africana, Renato Araújo da Silva, selecionou objetos da cultura africana de artistas anônimos, entre terracotas, urnas funerárias, máscaras, estatuetas, armas, joias, instrumentos musicais, objetos do cotidiano, bustos e arte da corte de Benin, que representam 29 etnias africanas.

“Ao mesmo tempo que é uma África que se remete ao mundo tradicional, antigo, trata-se de uma África que readaptou do seu próprio modo a sua prática artística no mundo contemporâneo, fazendo do trabalho do artista popular uma homenagem aos seus, aos nossos ancestrais”, ressalta Araújo.

Já Rafael Schunk, o curador do núcleo que reúne a arte afro-cristã fez um recorte da Coleção que inclui, além de peças e esculturas sacras, os chamados Black-a-Moor (figuras antropomórficas mouras produzidas como tocheiros ou peças decorativas originárias da cultura veneziana), as pinturas sul-americanas mestiças, os balangandãs da Bahia, imaginária colonial.

Deste núcleo grandes nomes se destacam, como Mestre Valentim (1745-1813) e Antônio Francisco Lisboa “o Aleijadinho” (1738-1814), considerado um dos maiores expoentes da arte barroca nas Américas. “A arte sacra cristã de influência africana no Brasil é o resultado das intensas trocas culturais e comerciais de Portugal com os territórios de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e o reino do Congo cristianizado desde final do século XV”, explica Schunk.

Sobre a Coleção Ivani e Jorge Yunes

Construída ao longo de 50 anos pelo casal, a coleção é composta por peças que abarcam vinte e dois séculos de história, cinco continentes, técnicas e suportes os mais diversos. Desde 2017, a filha Beatriz Yunes Guarita coordena uma equipe de profissionais dedicados à catalogação e pesquisa de cada área do acervo, sua conservação e gestão.

Sobre o Museu de Arte Sacra de Olímpia

Equipamento da Prefeitura de Olímpia, o espaço foi inaugurado em dezembro de 2020, como o primeiro museu de arte sacra do noroeste paulista. Implantado no Palacete Tonanni, imóvel histórico da cidade (1910) que foi totalmente restaurado para resgatar as características estruturais e construtivas originais do prédio. Todo o trabalho de restauro contou com uma equipe técnica, sob a coordenação da arquiteta, mestre e especialista em restauro, Rosely Seno.

Sobre o curador Renato Araújo da Silva

Pesquisador e curador. Trabalha como consultor e curador em arte africana na Coleção Ivani e Jorge Yunes desde 2018. É co-fundador do arsmundum project e faz parte do grupo de crítica de arte contemporânea do Centro Cultural São Paulo (CCSP) desde 2020. Graduou-se em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP – 2002).

Trabalhou em instituições culturais como Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (1999-2001), Centro Cultural Banco do Brasil (2003-2005), Espaço Porto Seguro de Fotografia (2004-2005), Museu Afro Brasil (2005-2017), entre outras. Foi curador das seguintes exposições: “África, Mãe de Todos Nós”; “Máscaras e Esculturas”; “Símbolos de Poder”; “Música e Sonoridade da África” (Trilogia – Museu Oscar Niemeyer – MON-Curitiba, de jun. de 2019 a dez. de 2020). “A Outra África: trabalho e religiosidade”. Museu de Arte Sacra de São Paulo (de 23 de jan. a 12 de mar. de 2020); “África: Expressões Artísticas de um Continente”(MON-Curitiba, 2021, exposição de longa duração). Além dos catálogos destas exposições é autor dos seguintes títulos: “África em Artes” (Co-autor) (Museu Afro Brasil, 2015) e dos livros eletrônicos “Creative Commons”: “Arte Afro-Brasileira: altos e baixos de um conceito (Ferreavox, 2016) e “Temas de Arte Africana”, (Ferreavox, 2018), entre outros.

Sobre o curador Rafael Schunk

É mestre em artes visuais formado pela UNESP, graduado em arquitetura e urbanismo, pesquisador, crítico de arte, curador e artista plástico. Principais projetos de pesquisas e exposições: “A Outra África: trabalho e religiosidade”, MAS-SP (2020); “Fragmentos, Coleções de Rafael Schunk e Museu de Arte Sacra de São Paulo” (2016/17); “Arte Colonial e Imperial da Cidade de Santana de Parnaíba, SP” (2015); “Aparecida, A Virgem Mãe do Brasil”, Museu Afro Brasil (2012/13); “Arte e Cultura no Vale do Paraíba”, Palácio Boa Vista, Campos do Jordão, SP (2011/12); “Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária colonial brasileira – séculos XVI-XVII”, UNESP (2012); Oratórios Barrocos – Arte e Devoção na Coleção Casagrande”, MAS-SP (2011).

  • Exposição: A outra África: trabalho e religiosidade
  • De 24 de novembro de 2021 a 31 de maio de 2022
  • Visitação: terça a domingo das 15h às 21h
  • Museu de Arte Sacra e Diversidade Religiosa
  • Rua David Oliveira, 420 – Centro – Olímpia