O prefeito Fernando Cunha, de Olímpia, participou no sábado (14) pela manhã do programa “A Verdade Total em Tempo Real” (na íntegra abaixo), promovido pelo O Diário e Independente FM, transmitido também ao vivo pelas redes sociais da Organização Monteiro de Barros. A intenção era obter explicações do prefeito, e a sua visão política, acerca da ida da Estância para a Região Metropolitana de São José do Rio Preto, deixando de pertencer a Barretos, como vem sendo como Região Administrativa.

A apresentação do programa foi do radialista Adilson Frota, com participação do diretor do Grupo, João Monteiro de Barros Neto; do jornalista Luís Otávio Martins (Tatá), e também de Rogério Ferreira da Silva e José Pedro Domingues Neto.

João Monteiro de Barros Neto, diretor da Organização Monteiro de Barros

O prefeito desarmou os ânimos, exaltados durante toda uma semana passada, com ataques diários, rotulações a deputados e até mesmo à Olímpia, em uma espécie de cenário de ‘traição’ e, ao final, Cunha conseguiu até mesmo fazer sugestões de novos caminhos, de pacificação, para Barretos, e que Olímpia continuará parceira daquela cidade, inclusive no Turismo.

“Agradeço a oportunidade do Diário para poder esclarecer a nossa visão dos últimos fatos, temos um carinho especial com Barretos, não sou um político de carreira e, por isso, eu fico muito à vontade de poder conversar sem esconder nada, mas com o único objetivo de relatar os fatos sobre o meu ponto de vista e poder demonstrar aqui o respeito a consideração o carinho que a gente tem com Barretos e a nossa torcida que Barretos encontre os seus caminhos, como a gente tem procurado por Olímpia”, disse Fernando antes de passar pela sabatina de perguntas.

A IDA DE OLÍMPIA À RM DE RIO PRETO

O diretor do Grupo, Monteiro Neto, fez a primeira pergunta e quis saber a visão do prefeito da ida de Olímpia para a futura Região Metropolitana de Rio Preto, já que, em 26 de julho, em Barretos, houve uma audiência pública com o governo do Estado e ficou acertada a futura RM de Barretos contando com Olímpia, audiência que Cunha participou.

“Tudo começou em abril passado, fui procurado pelo prefeito Edinho Araújo, de Rio Preto, dizendo que ia ter audiência pública em Rio Preto, sobre a Região Metropolitana, e que ele iria incluir Olímpia, me pegou de surpresa, e não falei nem que sim, e nem que não para o Edinho, não tinha o opinião formada”, revelou Fernando Cunha, acrescentando que trabalha com pesquisa e, ao ouvir a opinião da sociedade local, viu que era favorável à inclusão de Olímpia na futura RM de Rio Preto: “A grande maioria tem seus vínculos quando procura serviços em São José do Rio Preto, culturais, de Saúde, comércio, a opinião pública foi favorável”.

Jornalista de O Diário, Luís Otávio Martins, Tatá

Daí, na audiência pública que seria realizada em Barretos, o deputado federal Geninho Zuliani (DEM-SP) procurou Fernando e disse: “Fernando, eu não posso ser a favor de que Olímpia vá para Rio Preto, fui chamado em Barretos, preciso me posicionar para que Olímpia fique em Barretos”. O prefeito olimpiense retrucou: “Geninho, respeito, mas fiz pesquisa e vou defender de que Olímpia vá para a RM de Rio Preto”.

NA AUDIÊNCIA DE BARRETOS, DISCREÇÃO

Fernando disse que foi procurado pela prefeita de Barretos, Paula Lemos, para convencê-lo de permanecer na região de Barretos: “Às vésperas da audiência em Barretos, a prefeita Paula Lemos me procurou para que eu aceitasse que Olímpia ficasse na região de Barretos, e eu expliquei para ela as minhas razões porque eu achava que eu tinha que ir para Rio Preto, que eu preferia não participar da audiência nesse sentido, eu cheguei atrasado, a mesa estava formada, sentei num canto discretamente, porque eu tinha que assinar dois convênios. Eu acho que eu tinha que estar lá para assinar, mas eu não vim não participei e não articulei naquele momento nada”.

“Não é que o prefeito de Olímpia tenha mais força política, e nem desprestígio de Barretos, mas Rio Preto tem uma posição mais forte, mais bem posicionada nesse momento, do que Barretos, e eles podem beneficiar Olímpia, que agora tem uma janela de oportunidade”, acrescentou Fernando.

SEM UM PLANTÃO POLICIAL NOTURNO

E, enumerou algumas críticas à Região Administrativa de Barretos: “Olímpia, muitas vezes, tem tido um ‘sub atendimento’ de Barretos, das nossas necessidades, não teve muita generosidade conosco em diversas áreas e ocasiões. Não temos um plantão policial noturno e de fim de semana, mas aqui em Barretos. Em Julho, o turismo retornou e tivemos 340 mil diárias hoteleiras, sem contar as pessoas que vão para passar apenas um dia, e não temos um plantão policial noturno, tive de fazer da Guarda Civil um plantão digital na Rodoviária, e não é culpa do Seccional Dr. Cavalcanti, é um homem gentil, um lorde inglês, mas mostra uma certa fragilidade da Regional de Barretos, uma sede de região tem que ser generosa, ampla, não pode competir, e Rio Preto tem essa visão, esse espírito”.

Atendimento noturno policial somente em Barretos

“A RELEVÂNCIA É DO TURISMO DE OLÍMPIA”

O prefeito ressaltou, ainda, a importância econômica e turística de Olímpia para integrar a futura RM de Rio Preto: “Olímpia vai além do Fernando Cunha, além do Geninho, é a atividade turística de Olímpia que tem uma relevância maior, tivemos a felicidade de Olímpia descobrir a sua vocação econômica para Olímpia através de Benito Benatti,  e é essa relevância que Rio Preto quis que Olímpia participasse da futura Região Metropolitana”.

DRS NEGA TUDO, OLÍMPIA BUSCA EM BRASÍLIA

O diretor Monteiro Neto indagou se o prefeito de Olímpia tem restrições com Henrique Prata (Hospital do Amor), já que tem restrições de Saúde com Barretos, o prefeito olimpiense desmentiu e fez críticas, sim, à Divisão Regional de Saúde (DRS), que ‘também não foi generosa com Olímpia’: “Até agradeço a oportunidade para esclarecer isso, eu tenho restrições à Saúde, com essa falta de generosidade da administração como Região, e vou dar alguns exemplos, mas com Henrique Prata muito pelo contrário, o Henrique é imprescindível, posso contestar posturas dele quando envolve a saúde pública que afeta a região, tivemos problemas pontuais, claro que o Henrique tem que socorrer a saúde pública de Barretos e do Estado”.

UTI da Santa Casa local foi credenciada e equipada sem apoio da DRS Barretos

Fernando Cunha enumerou algumas críticas à Divisão Regional de Saúde de Barretos: “A UTI da Santa Casa estava fechada, reformei para reabrir, a DRS não me credenciou, tive de ir à Brasília credenciar e cima para baixo; não tinha um tomógrafo, um paciente chegava politraumatizado o médico não sabia nem por onde começar, tive de me socorrer com o vice-governador Rodrigo Garcia e com o deputado Geninho, porque a DRS não nos avalizou, mais uma vez corri de cima para baixo e hoje estou com todos os equipamentos; ia abrir a Hemodiálise, mas chegou a pandemia, temos 50 pacientes que vão à Barretos em uma Van, se já não bastasse o sofrimento da doença, Barretos atende 150, não vai me credenciar, vou para Brasília de novo e vou conseguir; abri o CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), tenho dificuldade de credenciamento na DRS de Barretos – não quero saber de pessoas, quero saber de resultados para Olímpia, e vou usar as minhas relações políticas com quem fora para buscar em favor de Olímpia”.

Atualmente, o prefeito de Olímpia revela que está tendo dificuldades para receber pagamentos para cobrir despesas da UTI: “Temos que se virar para ajudar, daí fico assistindo essas fragilidades, parto para buscar novos horizontes”.

Rogério Ferreira da Silva, O Diário

NA COVID, RIO PRETO FASE AMARELA, BARRETOS EM VERMELHO

O prefeito de Olímpia também disse que o município sofreu com as sucessivas fases ‘vermelhas’ de Barretos, enquanto Rio Preto estava na ‘amarela’ do Plano São Paulo: “Olha eu dei dois exemplos, poderia dar outro para aproveitar oportunidade, o que vivenciamos na Covid, gostaria que vocês parassem para refletir um pouco na minha visão. Eu senti na pele durante a Covid, da nossa economia, do turismo, sofremos muito por ter ficado tanto tempo no vermelho, e se já estivéssemos em Rio Preto, talvez a gente não tivesse sofrido tanto, inclusive pelo peso político que Rio Preto possui”.

AQUÍFERO, AEROPORTO, TURISMO

Além dessas questões, o prefeito Fernando Cunha destacou que seria melhor para Olímpia permanecer na Região Metropolitana de Rio Preto onde teria a oportunidade de questionar melhor uso do Aquífero Guarani, atualmente aquela cidade busca o seu abastecimento nesse leito, ao invés do Rio Grande. “Temos que ter cuidado para que o Aquífero não se esgote”, justificou.

E ressaltou que há um ponto onde Olímpia esteja ligada ‘umbelicalmente’ com Barretos: Turismo. “O Geninho me arrumou uma verba de R$ 200 mil para um plano diretor de Turismo, achei melhor contratar um consultor para desenvolver um plano regional e não apenas local, os destinos complementares à Olímpia, podemos unir a Festa do Peão, o turismo Country, temos aqui um grande potencial, os esportes náuticos em Guaraci, temos de pensar macro, regional”, explicou Fernando.

Relevância do Turismo de Olímpia que será Distrito Turístico e pode ter parcerias com Barretos

“Se depender de mim, não vejo Barretos como concorrente no Turismo, tanto que na Assembleia Legislativa já aprovaram os distritos turísticos, Olímpia será um, daí quero trazer o turismo de Barretos de tabela nesse futuro distrito, não é questão de concorrência, não adianta querer matar o adversário, se não tiver qualidade esquece, e isso nós temos de sobra”, revelou Cunha.

Questionado sobre o projeto do futuro aeroporto de Olímpia, que já possui a outorga do governo federal, Fernando Cunha disse que “esse ponto também aconteceu politicamente e, de novo, amigos amigos, negócios à parte. A minha visão é a de que precisamos de um aeroporto maior do que de Rio Preto, que atendesse todos os aviões e destinos. Rodrigo Garcia disse para esquecer verbas públicas, então corremos para a privatização. Com cabeça de engenheiro, pensei em trazer os aviões maiores que, consequentemente, trarão cargas em seus porões, daí poderemos ter um terminal de cargas e passageiros ao mesmo tempo. Preciso de R$ 100 milhões, o turismo fatura R$ 300 milhões, mas estou buscando mais soluções”.

Futuro aeroporto: busca de parceria privada e no centro de gravidade de Rio Preto

Ao ser perguntado se não poderia ser em Barretos esse futuro aeroporto, já que tem área de expansão naquela cidade, mais uma vez Fernando destacou a importância de Rio Preto: “Lá é o centro de gravidade. Eu teria feito em Guapiaçu, a tendência é que o centro de gravidade seja entre Rio Preto e Olímpia, Barretos poderá ser atendido por esse aeroporto. Na minha visão, eu faria um totalmente novo ao Norte Paulista”.

Essa visão de parceria público-privada Fernando também usou para a duplicação da Assis Chateaubriand (SP-425): “Acabou a poupança pública, temos que nos socorrer com a poupança privada”.

Fernando Cunha

ELOGIOS AO PREFEITO DE OLÍMPIA

Todas as perguntas do programa foram respondidas por Fernando Cunha, tirando do diretor da Organização Monteiro de Barretos, Neto, elogios quanto “à sinceridade do prefeito, respondeu com muita franqueza, com visão política e de engenheiro”.

Nesse quesito, também lhe foi perguntado sobre o futuro político, o que gerou a reflexão para Barretos, novamente, acerca da falta de representatividade daquela cidade (veja matéria nesta edição).