Por Karina Younan — Escrito para algumas mulheres que ainda cismam em se enganar, os cafajestes aqui descritos podem muito bem vir na versão feminina. Não ter consideração para o outro não é critério masculino, inclusive não tem faixa etária ou grau de escolaridade. Rico ou pobretão, em diversas cores, credos e tamanhos.

Por mais que as artes e a literatura tenham descrito fartamente o cafajeste, sempre encontro alguma que se enroscou, precisando recapitular: amor bandido é fria, só causa decepção. Aliás, qualquer coisa que você tenha que fazer escondido, é melhor que não faça. A menos que você esteja consciente e o erro valha a pena, as expectativas estejam reguladas e você leia claramente a placa dizendo “ocupado” que muitas vezes não está no discurso.

Meio livre, enrolado, vivendo com a ex, ou ressentido com o relacionamento anterior, acendem o alerta laranja. Não vale a pena se envolver com quem está com a cabeça em outra pessoa, mesmo que o telefonema do dia seguinte chegue. Não é real.

“Não sinto mais nada, já passou, não temos mais nada em comum, só não me separo por causa dos filhos.” Mesmo que se diga disponível, o sentimento mostra claramente o contrário. Acredite, ainda não passou.

cafajeste

Outro ponto é: por que foi que meia desculpa bastou para você se entregar? Se estivesse menos carente ou menos desesperada saberia que ele não é para você. Olhe para os seus medos à luz do dia, ajude-se com um terapeuta. Por que é que você se encantou tão facilmente por alguém que está tão ligado na ex ou tem outro envolvimento?

Somos todos adultos correto? Mas nem tanto. Nossas escolhas são emocionais, os gatilhos que deflagram nossas carências estão encobertos pela aparente racionalidade e postura equilibrada. Nada é mais enganador, no amor não é assim. Nossas escolhas são frágeis, ligadas às frustrações, decepções. Os homens fingem pretender uma relação, quando na verdade desejam o sexo. As mulheres fingem desejar o sexo, quando pretendem uma relação.

Talvez seja impossível ser realista quando se trata de se envolver, o amor pede uma certa ilusão e pintamos o outro com as cores que desejamos observar. Mas seja realista com você. Ninguém quer só sexo, a não ser quem já está envolvido ou nunca cogitou se envolver. Mas não é isso que você quer ou merece. Vai conseguir tocar desse jeito?

Se você não se apaixonou ou está saindo com alguém que não diz, mostra e deixa claro que está na sua, provavelmente ele não está. Melhor partir pra outra. Nada de se apegar ao recôndito frio da “quase” relação. Vocês não estão ficando, ele só dorme com você.

Vá buscar pelo acolhimento quentinho de um abraço reconfortante, da conversa interessada, do desabafo construtivo, do beijo apaixonado e da saudade genuína. Se ele está se consolando com você e não interessado em construir algo, perceba logo ou vai cair na frustração. Sozinha a vida é menos vazia do que com a falsa companhia. Relações oportunistas são geladas e destroem nossa ambição afetiva. Poupe-se de tanto trabalho. Acorde a felicidade em você e vá em busca de algo realmente valioso: um amor pra chamar de seu.

* Karina Younan é psicoterapeuta formada pela PUC de Campinas e Mestre em Ciências da Saúde pela Famerp