Por Ivanaldo Mendonça – A solenidade da Santíssima Trindade marca, no calendário celebrativo da Igreja, a retomada do Tempo Comum. A primeira parte deste tempo litúrgico compreende o período entre a celebração do Batismo do Senhor e a terça-feira que antecede o início da quaresma; a segunda parte segue da segunda-feira após a solenidade de Pentecostes à solenidade de Cristo Rei do Universo, encerrando o ano litúrgico.

O tempo comum aborda a vida pública e o ministério salvador de Jesus em favor da humanidade, inspirando Seus discípulos, ao longo de todos os tempos, a perseverar no caminho da fé.

A solenidade em honra a Trindade Santa possibilita-nos recobrar alguns fundamentos da fé cristã, tanto doutrinais quanto práticos. Resgata e fortalece a essência da fé cristã num único Deus que se revela em três pessoas distintas de igual natureza, a divina. Pai, Filho e Espírito Santo existem, desde sempre e para sempre.

De maneira sistemática e pedagógica os estudos teológicos possibilitam-nos reconhecer a ação específica de cada uma das pessoas divinas ao longo da história da salvação, sem que isso consista numa separação ou ação isolada de uma ou outra.

De Deus-Pai reconhecemos a ação criadora, de Deus-Filho reconhecemos a ação salvadora, de Deus-Espírito Santo reconhecemos a ação consoladora. A dinâmica interna da Trindade Santa permite-nos, considerando os limites próprios da natureza humana, compreender verdades fundamentais tanto relativas á fé cristã quanto ao sentido mais profundo do ser e existir humano.

Não há contradição entre ser humano e ser cristão. Tais verdades não são submissas á vontade ou adesão humana, elas são imperativas. Deus não o é ou deixar de ser porque eu concordo ou discordo. Ele é!

Ao ensinar que ‘Deus é amor’ as Sagradas Escrituras permitem-nos compreender que, como Sua imagem e semelhança, o ser humano possui, na condição de criatura, fagulhas do amor criador. Se’ amor, como Deus o é, e ser criado pelo amor’, como o humano o é, sugere viver profunda intimidade e, consequentemente, perene doação e acolhimento.

O doar-se e acolher o outro no amor denominamos comunhão, e esta sugere profunda participação. Deus-Trindade é amor-comunhão-participação.

No que tange o sentido mais profundo de seu ser e existir humano é impossível transitar fora desta verdade absoluta. É impossível que o ser humano, tanto individual quanto coletivamente, sem admitir, acolher e esforçar-se para viver no amor-comunhão-participação, seja minimamente feliz.

Assim, não obstante possíveis variações próprias da natureza humana, consciente, livre e responsavelmente vive-se a plenitude humana possível na terra e, depois, a plenitude humana possível na eternidade.

Sejamos, cada vez mais, amor-comunhão-participação.

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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