Por Ivanaldo Mendonça — O início de um novo ano, muito embora não provoque, de imediato, relevantes mudanças externas, pois a vida segue seu curso normalmente, produz impactos mentais e emocionais que, se bem canalizados, podem desembocar em mudanças e transformações concretas, tanto na vida dos indivíduos quanto na coletividade. O início de um novo ano toca, diretamente, nos anseios mais profundos de cada ser humano e de toda a humanidade, sobretudo, a busca pela realização, comumente nominada felicidade.

É sabido, igualmente, que boa parte das pessoas, senão a maioria, embora movida por boa vontade, pouco ou quase nada progride; muitos, aliás, frustrados consigo e com os rumos dados á própria existência, regridem; outros tantos adoecem, assumindo inconscientemente esta condição como forma de justificar a si e a outros a incapacidade de prosperar. Há quem diga, aliás, que muitos distúrbios de natureza mental, emocional e espiritual são como que reações violentas e desmedidas na tentativa de sobreviver aos solavancos da vida.

Diante da realidade que contrasta a beleza do início de um novo ciclo com os recorrentes fracassos, destacam-se duas principais reações: os que são movidos por impulso de morte entoando, em coro: “Oh vida, oh céus… Isso não vai dar certo”.   Pelo contrário, os que são movidos por impulso de vida, reflexivos, inquietos e esperançosos questionam-se: O que nos tem faltado? O critério avaliativo pautado pela quantidade e qualidade de coisas, embora, de imediato pareça suficiente, não sacia. 

A busca por respostas adequadas faz-nos perceber: Que a natureza das demandas não é circunstancial, mas, existencial, relacionada a motivações profundas; Mais que simplesmente buscar respostas faz-se necessário rever o conteúdo e sentido das perguntas; A necessidade de fazer a transição do nível temporal para as realidades permanentes. Esta dinâmica faz emergir uma questão fundamental: Quem nos falta? Assim, evoluímos da relação puramente material para a relação pessoal, daquilo que pode ou não ocorrer para aquilo que não pode faltar.

O início de um novo ano não interfere, por si só, na dinâmica que, consciente ou não, assumimos viver. Radicais dirão que o inicio de um novo ano nada significa, nada muda. Mais que sugerir o que deve ou não ser feito, restringindo-nos a dimensão comportamental, apontamos a necessidade de aprofundamento acerca do sentido de cada coisa e de todas as coisas. Ai reside, verdadeiramente, tanto perguntas realmente pertinentes quanto respostas realmente adequadas. O novo ano desponta repleto de oportunidades! Onde vamos chegar depende de onde partimos.  

Abençoado 20201!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

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