Olmair Perez Rillo – O menino que andava com os pés descalços pelas ruas de chão batido da pequena Penápolis ouviu dizer que toda criança, às vésperas do nascimento, recebia a oportunidade de conversar com o Papai do Céu, ocasião na qual lhe seria permitido efetuar algumas perguntas.

A mais comum era: se no céu estamos livres para brincar, sorrir e cantar, será que encontraremos a mesma felicidade em um planeta tão cheio de incertezas como a terra?

A resposta, invariavelmente, era sempre a mesma: não há motivos para preocupações, uma vez que entre os muitos anjos femininos que existem no céu um deles será escolhido especialmente para cuidar de cada uma das crianças que irá nascer.

Este anjo ficará responsável pelo acompanhamento dos passos da pequena criatura que estará sendo ansiosamente esperada no plano terreno. Será ele, portanto, quem estará disposto a manter os braços abertos para distribuir abraços quando precisarem de uma pessoa amiga e será portador de um coração que a tudo compreenderá.

Esse mesmo anjo amará a todos da mesma maneira sem esperar grandes recompensas e investirá de olhos fechados no seu protegido – ou protegida – mesmo quando outros perderem a confiança. Ele será dotado de um sexto sentido que lhe permitirá prever o que poderá acontecer diante de decisões erradas ou um caminho equivocado estiver sendo escolhido para seguir adiante.

E aquilo que alguns chamarão de chatice quando ouvirem dizer: não faça assim, tome cuidado com determinadas amizades, perguntar aonde você pretende ir, a que horas voltará ou mesmo o eventual silêncio diante de situações constrangedoras, para ele será uma simples demonstração de amor.

Esses anjos serão ao mesmo tempo meigos e exigentes, mas não se engane, pois seus olhos puros saberão soltar faíscas quando presenciar coisas erradas. A fala será mansa, mas urrará feito fera ferida diante de qualquer ameaça. Acertará e errará como todo ser humano normal, mas nunca se omitirá. Seus exemplos de amor pelas coisas que faz a forma de ensinar a respeitar as instituições, as leis, os mais velhos, os animais, a natureza e os professores, também farão parte da sua missão.

Diferente dos anjos de outras épocas, no entanto, o da era dos aparelhos eletrônicos será forçado a viver uma vida cheia de atribulações, com atividades de mais e tempo de menos para administrar sua vida. Por estas e outras razões, apenas na fase adulta, quando alguém imaginar que perdeu parte da infância ou adolescência com tantas implicâncias, concluirá que esteve sendo protegido e por isto se tornou um cidadão ou cidadã consciente dos seus deveres e das suas obrigações.

O tempo terminou e a criança seguiu seu período de preparação. Quando chegou o momento da partida para a grande viagem, ela começou a ouvir vozes vindas da terra, momento no qual lhe foi permitido fazer a mais importante de todas as perguntas:

– Como farei para reconhecer o meu anjo protetor feminino?

– Não se preocupe. Você perceberá no seu primeiro gesto de amor que será o ato de lhe oferecer o seio do qual extrairá o leite, alimento símbolo da vida que lhe dará saúde.

Mais tarde, quando aprender a falar, você poderá chama-lo de MÃE.

Olmair Perez Rillo, Articulista, Consultor de Marketing, Palestrante Motivacional, nasceu, reside em Penápolis e não possui ligações partidárias. olmair_perez@yahoo.com.br