DA REDAÇÃO — A Prefeitura da Estância Turística de Olímpia decretou luto oficial de sete dias nesta segunda-feira (21) após a confirmação da morte do Papa Francisco, aos 88 anos. O decreto foi assinado pelo prefeito Geninho Zuliani, que classificou o líder católico como um símbolo de humildade e inspiração espiritual.

O Vaticano confirmou o falecimento do pontífice na manhã desta segunda-feira, por volta das 7h35 (horário de Roma). A declaração foi feita pelo camerlengo, cardeal Kevin Farrell: “Com profunda dor, devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francesco. O Bispo de Roma voltou à casa do Pai”. A informação foi amplamente repercutida por veículos de imprensa internacionais e comunicada oficialmente à Igreja Católica em todo o mundo.

Em Olímpia, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida iniciou homenagens ainda nas primeiras horas do dia, com o toque dos sinos às 8h, seguido por novos repiques às 15h e às 18h, em sinal de respeito. Missas continuarão sendo celebradas ao longo da semana pela alma do pontífice.

O reitor do Santuário, frei Lucas Lisi Rodrigues, também Vigário Custodial da Custódia do Estado de São Paulo e Triângulo Mineiro, expressou seu pesar e compartilhou uma lembrança pessoal marcante com o Papa Francisco. Ele esteve com o pontífice em 2022, durante visita à Itália.

“Tive a graça de conhecê-lo pessoalmente, de cumprimentá-lo, de conversar com ele. Um olhar de afeto, uma escuta atenta. O Papa Francisco sempre se mostrou acolhedor, aberto ao diálogo”, relatou o frei.

Segundo frei Lucas, o maior legado do papa foi seu compromisso com os mais vulneráveis: “Foi o Papa do acolhimento às minorias, aos pobres, aos marginalizados. Um homem que nos convidou a sair das estruturas eclesiais e ir ao encontro do povo”.

Entre os momentos que marcaram o encontro, frei Lucas relembra com leveza: “Ele nos perguntou se éramos franciscanos. Quando dissemos que sim, ele respondeu sorrindo: ‘Eu também sou Francisco!’ E completou em tom de brincadeira: ‘Padre brasileiro, depois da missa, gosta de uma cachaçinha pra relaxar’, arrancando risos de todos”.

A simplicidade do Papa também se refletiu em seus desejos para o pós-vida. De acordo com frei Lucas, o pontífice pediu, em testamento, que fosse enterrado em um caixão simples de madeira na Basílica de Santa Maria Maggiore, e não em São Pedro, como é tradição entre os papas.

“A escolha da simplicidade, mesmo na morte, mostra quem ele foi em vida. Um Papa de atitudes, não de discursos. Como dizia Santo Antônio: cessem as palavras e falem as obras. Francisco fez isso. Foi um construtor de pontes, não de muros”, afirmou.

Durante a pandemia de Covid-19, o frei destacou o momento em que Francisco orou sozinho na Praça de São Pedro, como símbolo de resistência espiritual diante do sofrimento global. “Ali estava ele, sustentando a dor de uma humanidade ferida. Um verdadeiro pastor”, disse.

Ivanaldo Mendonça: “Uma herança indelével”

O pároco da Igreja Matriz de São José, padre Ivanaldo Mendonça, também se manifestou sobre a morte do pontífice. Em meio à Oitava da Páscoa, ele relacionou a partida de Francisco à essência da fé cristã:

“O Senhor ressurgiu, aleluia, aleluia! Na alegria do anúncio pascal, a Igreja vive esta semana revivendo a grande alegria da ressurreição. É nesse espírito que somos surpreendidos pela partida do amado Papa Francisco. Como não relacionar sua presença e semblante com a alegria pascal? Discretamente, ele nos deixa, apontando para o Cristo e conclamando-nos a seguirmos como peregrinos da esperança.”

Padre Ivanaldo ainda destacou os traços mais marcantes do pontífice: “Obrigado, Papa Francisco, pela herança indelével que nos deixa — marcada pelo amor aos necessitados, pelo cuidado com a criação, pela alegria, pelo acolhimento e pela esperança.”

Por fim, o padre uniu-se à Igreja e à humanidade em prece: “Rezamos para que, neste tempo de vacância, o Espírito Santo nos torne ainda mais um só em Cristo. O Senhor nos abençoe e nos guarde.”

O Papa Francisco foi o primeiro pontífice jesuíta e latino-americano da história. Durante 12 anos de pontificado, promoveu reformas internas na Igreja, valorizou o papel das mulheres, defendeu os excluídos e buscou o diálogo inter-religioso. “Um santo que viveu entre nós”, concluiu frei Lucas.

A escolha do novo papa será feita em conclave após o sepultamento oficial do pontífice.