Por Ivanaldo Mendonça — Quando nos sugerem pensar num jardim, somos invadidos por uma bela imagem. Pequeno e simples, grande e complexo, formado pelas mãos da dona de casa ou desenhado pelo arquiteto, num cantinho da casa ou num parque público…

ivanaldo-mendoncaAo pensar num jardim a primeira imagem que toma posse de nossa mente é sempre bela. Flores, grama, colorido, beleza, delicadeza, criatividade … Este conceito de jardim trazemos gravo em nós, é o ideal. Secundariamente pensarmos naqueles jardins que, por alguma razão, estão comprometidos: secos, vazios, descuidados, abandonados…

De maneira geral todos gostam e muitos desejam possuir um jardim. No entanto, quando notam a necessidade de tempo, dedicação, amor, carinho e delicadeza a serem empenhados, muitos perdem o ânimo, desistem, abandonam o sonho. Assim também a existência e vida humana. Se existe o ideal de jardim, existe também o ideal de ser humano, criado para ser aquilo que deve ser; caso contrário não será feliz, belo e pleno.

Atravessava Jesus a cidade de Jericó. Zaqueu, rico chefe dos cobradores de impostos, consequentemente, odiado por todos, pois desde muito os cobradores de impostos roubam, desejou ver Jesus. Por ser de baixa estatura subiu numa árvore. Curiosidade? Não conhecemos as razões que moveram aquele homem pequeno. Jesus o avistou e pronunciou: “Zaqueu! Desce depressa! Hoje eu devo ficar na sua casa”.

O homem alegremente o acolheu. Não apenas as portas da casa de Zaqueu foram abertas para Jesus, mas também, e principalmente, seu coração. Sem que ninguém acusasse, provocasse ou exigisse, ele tomou a iniciativa: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. Relata o Evangelho (Lucas 19,1-10), que aquele grande pecador e pequeno homem tornou-se pequeno pecador e grande homem.

Não existe terreno perdido, nem jardim condenado a morte. Encanta-nos apreciar a forma amorosa, pacienciosa, empenhada, corajosa e delicada com a qual o jardineiro zela por seu amado jardim. Ainda mais encantador é perceber que tantos terrenos e jardins, condenados, aos nossos olhos, quando colocados nas mãos e corações mais preparados, são transformados em verdadeiras obras de arte, simples ou complexas, pequenas ou grandes, pelas mãos da dona de casa ou do profissional.

Na vida e existência de Zaqueu Jesus foi jardineiro do amor. O que aos olhos de todos era um terreno morto pela aridez do pecado, nas mãos e coração de Jesus, tornou-se o mais belo jardim que poderia ser; ser humano livre, feliz, agradecido. Como Zaqueu, necessitamos de quem, como Jesus, jardineiro do amor e da misericórdia, nos traga de volta a vida. Como Jesus, podemos ser, nas mãos de Deus, instrumentos que colaboram para que tantos outros, convertam-se, de terra seca a belo jardim. Sejamos jardineiros do amor!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia,

ivanpsicol@hotmail.com