selo-ivanaldo.jpgPor Ivanaldo Mendonça — “Realizamos uma linda assembleia, mas, até agora nada saiu do papel”, partilhou o padre. “As pessoas não querem se comprometer”, pontuou o coordenador. “No terço de quarteirão ninguém vem participar”, completou a senhora. São muitos os desafios! A Conferência de Aparecida insiste na necessidade da conversão pastoral, propondo a missão permanente. A Igreja no Brasil responde a estes apelos através da descentralização da Paróquia em pequenas comunidades. O cativante Papa Francisco conclama ao acolhimento pelas vias da misericórdia, alegria e esperança.

Embora a ação evangelizadora da Igreja seja bem fundamentada bíblica, teológica e pastoralmente e sejam muitos os esforços por responder aos desafios intra e extra-eclesiais, a questão é complexa, sobram perguntas. Tanto as mudanças urgentes quanto os esforços empenhados passam, necessariamente, por uma questão fundamental, hora despercebida, hora ignorada: liderança.

As paróquias, comunidades e organismos pastorais, em geral, carecem de pessoas, o que faz com que, sem a devida reflexão e adequada preparação, confiem ações cruciais do processo de evangelização a quem por primeiro aparece, oferecido ou pego a laço, embora repleto de boa vontade, despreparado para liderar. A estrutura paroquial, totalmente dependente do padre, impõe-lhe o peso de ter que dar conta de tudo, tornando-o mais burocrata que pastor. Este cenário é propício à instalação do comodismo, do esgotamento pastoral e outras patologias eclesiais, sendo a mais grave e fatal, o afunilamento da visão, o fechamento.

Não obstante os elementos que por natureza constituem a Igreja ‘obra divina’, nascida do próprio Cristo e guiada pelo Espírito Santo, é urgente abordar a formação e capacitação de lideranças eclesiais com especial atenção, responsabilidade, equilíbrio e maturidade. Mais que organizar, administrar e executar, a principal característica do líder está na capacidade de inspirar pessoas a um propósito. O zelo pelas lideranças não corresponde à overdose de palestras e encontros, mas sim, à formação e capacitação para o exercício de sua importante missão: inspirar pessoas.

Nosso modelo é o próprio Cristo! O conteúdo esta definido, a pedagogia aprovada, os recursos disponíveis. O que nos falta? Vale a pena refletir, rezar e, acima de tudo, agir!

* Ivanaldo Mendonça, Padre, Pós-graduado em Psicologia, ivanpsicol@hotmail.com