Por Ivanaldo Mendonça — Quarenta dias após a Páscoa a Igreja celebra a solenidade da Ascensão do Senhor. Rememorando a volta definitiva de Jesus aos céus celebramos a poderosa ação de Deus, Senhor da vida, que ao criar, salvar e santificar eterniza Sua ação amorosa em favor da humanidade. A volta de Jesus aos céus, de onde saíra para regatar a humanidade do pecado e da morte ratifica, como verdade de fé, que o lugar do homem é junto de Deus e, seu fim último, a pátria celeste. “(…) o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se á direita de Deus”, narra o Evangelho (Mc 16,19).

Antes, porém, Jesus fala aos discípulos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,16), envio que move a Igreja á comemorar o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Neste ano a 52º  edição do evento recebe atenção do Papa Francisco através de mensagem intitulada “A verdade vos libertará” (Jo 8,32). Abordando a temática ‘Fake News e jornalismo de paz’, somos provocados a refletir sobre este fenômeno manifesto, sobretudo, atualmente, através das redes sociais.

A comunicação é por excelência um dom que favorece ao homem estabelecer profunda relação-comunhão com Deus, consigo mesmo e com os demais. Comunicar é caminho especial que gera comunhão. No entanto, quando invadida pelo egoísmo, a comunicação converte-se num grande mal, sobretudo quando se serve da mentira, geradora da divisão e morte. Nascem assim as falsas notícias: “(…) informações infundadas baseadas em dados inexistentes e distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário”, atesta a mensagem.

A lógica de desinformação faz com que pessoas isoladas e fechadas a outras perspectivas e opiniões, acolham o falso como verdadeiro, impedindo o confronto salutar e o diálogo construtivo, necessários a cada pessoa e á sociedade. A chamada ‘lógica da serpente’, que mentiu, enganou e provocou consequências drásticas á toda a humanidade repete-se ao longo da história, na tentativa de iludir o homem, toando-o autor e cúmplice do pecado e da morte. Como antídoto a este grande mal o próprio Jesus afirma categoricamente: “A verdade vos libertará”.

Educar para a verdade é compromisso pessoal e coletivo, sobretudo dos profissionais e instituições de comunicação.  “A paz é a verdadeira notícia”, advoga Francisco, manifestando que o melhor antídoto contra as falsidades são as pessoas que, livres da ambição, abrem-se á verdade e ao bem. Combatamos a mentira e a falsidade servindo-nos sadiamente, dos veículos de comunicação; eles, mais que simplesmente transmitir informações, manifestam quem somos. 

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

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