A Secretaria Estadual de Saúde investiga cerca de 20 casos de reinfecção pelo coronavírus em 16 cidades da região de Rio Preto, entre eles Olímpia. São ocorrências em que os pacientes testaram positivo para Covid-19 duas vezes ou mais, num intervalo superior a 90 dias do primeiro teste. Por Diário da Região e Central de Dados do Estado de São Paulo/ Secretaria Estadual de Saúde.

Três casos no Estado já foram confirmados como reinfecção, sendo um deles em Fernandópolis, enquanto outros 279 estão sendo investigados em 120 cidades. Os dados foram obtidos pelo Diário via Lei de Acesso a Informação (LAI).

De acordo com a Central de Dados do Estado de São Paulo, As reinfecções suspeitas são de pacientes de Ariranha, Aspásia, Fernandópolis, General Salgado, Ilha Solteira, Irapuã, Monte Azul Paulista, Olímpia, Paranapuã, Parisi, Populina, Potirendaba, Rio Preto, Sud Mennucci, Valentim Gentil e Votuporanga.

“Acreditamos que esse número de casos suspeitos de reinfecção seja bem maior do que é divulgado, muitos são subnotificados, pois o protocolo para comprovação exige uma série de requisitos”, disse o pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) José Eduardo Levi.

Especialistas ouvidos pelo Diário também alertam que o aparecimento de novas variantes, como a Delta, pode estimular mais casos de reinfecção. Isso porque o vírus ao decorrer de um ano e meio passou por diversas mutações. “As novas variantes são mais competentes para infecção, inclusive, a gente notou muitos casos de reinfecção durante a segunda onda da variante Gama (Manaus) que predomina em várias partes do Brasil”, destacou Levi.

Cientificamente ainda não se sabe o que gera casos de reinfecções pela Covid-19, mas uma das hipóteses dos pesquisadores é que o sistema imunológico por algum motivo não criou barreiras adequadas contra o vírus. Ou, com o decorrer do tempo, perdeu.

“Para comprovar a reinfecção é necessário fazer o sequenciamento genético dos dois testes positivos de Covid-19 do paciente, só que isso é um grande problema, pois normalmente existe o descarte das amostras depois de 120 dias. E se a pessoa testou positivo depois desse prazo não é possível comprovar a reinfecção”, explicou o coordenador do observatório de vigilância genômica do Instituto de Ciência Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Renan Pedra de Souza.

Reinfecção gera casos mais graves?

Ainda não existe um consenso da comunidade científica internacional se a reinfecção pela Covid-19 gera casos mais graves da doença, mas um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que a segunda infecção pode provocar sintomas mais fortes que a primeira.

A pesquisa apontou que pessoas infectadas pela primeira vez tinham sintomas mais brandos e produziram uma reposta imunológica específica. Desse forma, esses pacientes ficaram mais suscetíveis a uma segunda infecção diante do surgimento de variantes mais transmissíveis.

Em abril, outro estudo da Universidade Feevale, do Rio Grande do Sul, confirmou a primeira morte de um brasileiro após reinfecção por uma variante diferente do coronavírus no país. A pesquisa mostrou que o paciente foi infectado em novembro de 2020 pela variante Gama, mas não apresentou sintomas. Três meses depois, em março, foi infectado novamente, dessa vez pela variante P2, descoberta inicialmente no Rio de Janeiro, e não resistiu.

Em Rio Preto, segundo a gerente da Vigilância Epidemiológica, Andreia Negri, casos de reinfecção já estão sendo investigados, mas pelo protocolo ainda nenhum foi confirmado. “Oficialmente são poucos que cumprem os critérios para serem analisados como reinfecção. Sem contar que nem sempre a rede consegue fazer a comparação genética dos dois testes, o que impede de confirmar a reinfecção oficialmente”, afirmou Andreia. (MAS)

Casos de reinfecção por Covid-19

279 casos suspeitos no Estado3

Casos confirmados: Araraquara, Fernandópolis e Uru

Cidades com casos de reinfecção na região

Ariranha, Aspásia, Fernandópolis, General Salgado, Ilha Solteira, Irapuã, Monte Azul Paulista, Olímpia, Paranapuã, Parisi, Populina, Potirendaba, Rio Preto, Sud Mennucci, Valentim Gentil e Votuporanga.

Quando um caso é investigado como reinfecção?

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, será elegível para a investigação de reinfecção pelo SARS-CoV-2 indivíduo que testou positivo para Covid-19 duas vezes ou mais vezes, com intervalo superior a 90 dias do primeiro teste. Ou seja, uma pessoa que testou positivo no início do ano, se recuperou da doença e três meses depois voltou a ter sintomas e novamente testou positivo.

O que comprova a reinfecção?

Pesquisadores dizem que a grande maioria dos casos de reinfecção de coronavírus no Brasil são subnotificados. Isso porque para comprovar o caso é necessário realizar o sequenciamento genético do vírus nas duas ocasiões que ele invadiu o corpo. E muitas vezes o primeiro exame é descartado, diante do grande número de testes feitos no dia, o que não permite a comprovação e comparação com o segundo exame.

O que gera a reinfecção?

Cientificamente ainda não se sabe o que gera casos de reinfecções pela Covid-19, mas uma das hipóteses é de que o sistema imunológico por algum motivo não criou barreiras adequadas contra o vírus. Ou, com o decorrer do tempo, perdeu-as.

O surgimento de novas variantes estimula casos de reinfecção?

De acordo com cientistas, sim. Um estudo brasileiro chegou a mostrar que a variante Gama, descoberta pela primeira vez em Manaus e predominante na região de Rio Preto, é capaz de driblar o sistema imunológico de 25% a 60% dos infectados com a Covid-19 inicial, que predominou no Brasil antes do vírus sofrer mutações.

Reinfecção provoca casos mais graves?

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que a segunda infecção por Covid-19 pode provocar sintomas mais fortes que a primeira. Contudo, ainda não existe um consenso na comunidade científica sobre o assunto. O estudo mostrou que pessoas infectadas pela primeira vez com sintomas brandos ou nenhum sintoma podem produzir uma reposta imunológica específica, ficando suscetíveis a uma segunda infecção.

Fonte: Central de Dados do Estado de São Paulo/ Secretaria Estadual de Saúde.