A inauguração na noite de ontem (15) da Estação Cultural de Olímpia marca o início das comemorações do Centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo tendo um de seus participantes, Flávio de Carvalho, presente em uma das três exposições através da Curadoria de Marcus de Lontra Costa. Além do anfitrião, prefeito Fernando Cunha, estiveram presentes o secretário estadual de Cultura e Economia Criativa Sérgio Sá Leitão, representando o governador João Doria; o deputado federal Geninho Zuliani (DEM) e o curador Lontra.

A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922. O evento reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras – pintura e escultura – e palestras. Os artistas envolvidos propunham uma nova visão de arte, a partir de uma estética inovadora inspirada nas vanguardas europeias. Juntos, eles visavam uma renovação social e artística no país e que foi deflagrada pela “Semana de 22”.

Flávio de Carvalho foi um dos que chocou grande parte da população e trouxe à tona uma nova visão sobre os processos artísticos, bem como a apresentação de uma arte “mais brasileira”. Houve um rompimento com a arte acadêmica, inaugurando assim, uma revolução estética e o Movimento Modernista no Brasil. A mostra se chama “O Feminino de Flávio de Carvalho”, por aí imagina-se a contestação daquela época.

Um dos principais projetos de restauro e resgate da história da Estância Turística de Olímpia foi, finalmente, entregue para a população e visitantes. O novo atrativo chega para somar ao quadro de ações institucionais na área cultural da Prefeitura. Como determina recente decreto municipal, todos tiveram que passar por teste de temperatura e mostrar passaporte vacinal em dia.

Muitos dos que estavam ontem na inauguração, os mais antigos, recordavam com saudade dos tempos em que ali funcionava a Estação Ferroviária da cidade, com o ex-prefeito José Fernando Rizzatti.

“Eu ia sempre à São Paulo, chegava até Bebedouro, trocava de trem (por causa da bitola mais larga). Daqui, os jornais chegavam à cidade, e a molecada vinha para pegar e distribuir. Passa um filme na cabeça da gente. O prefeito Fernando Cunha é fabuloso, enxerga longe, tem uma equipe que o acompanha também bem preparada que gosta, e que quer essa transformação”, disse o ex-prefeito.

O Diário fez boa parte da cobertura ‘ao vivo’ nas redes sociais, inclusive mostrando a nova ECO, a Maria Fumaça, o espaço que será ocupado por dois vagões, um para exposições e outro restaurante para um café, suco, salgados.

O grupo rio-pretense de Lígia Aidar fez uma apresentação no palco, além de, inicialmente, os integrantes recepcionarem os convidados.

Exposições inaugurais

Para a inauguração do complexo cultural, com curadoria de Marcus Lontra são apresentadas três exposições: obras inéditas de Flávio de Carvalho, um conjunto significativo de pinturas de José Antônio da Silva e uma grande mostra de arte contemporânea. Confira o momento em que o prefeito inaugura as salas juntamente com Marcus Lontra, o curador.

O feminino em Flávio de Carvalho reúne 40 obras, entre desenhos, gravuras e pinturas nunca antes apresentadas ao público, que buscam acentuar a presença do feminino na trajetória de Flávio de Carvalho (Barra Mansa, RJ, 10 de agosto de 1899 — Valinhos, SP, 4 de junho de 1973). Nessas figuras de mulher, seja em retratos ou figuras agrupadas, percebe-se a sensualidade e a beleza construída com gestos e pinceladas velozes e vigorosas. Segundo o curador Marcus Lontra, Flávio é um artista do mundo moderno, da velocidade, do traço criativo e imediato; muito mais do que uma mera cópia do real, o artista busca a verdade das coisas e dos seres. “Vale a pena mergulhar no universo poético de um dos mais importantes artistas brasileiros para perceber a real capacidade da arte de transformar, inovar e criar imagens e paisagens de intensa beleza e originalidade”, completa.

Coração Brasileiro, coerente com o compromisso de valorização da arte popular, traz 30 obras do mais importante pintor Naif brasileiro, José Antônio da Silva (Sales de Oliveira SP 1909 – São Paulo SP 1996) sob a supervisão do professor Romildo Santana. Segundo ele, “sua vida e arte desenham o emblema gritante do sem-terra, do sem-teto, do sem-nada. À moda dos artistas populares, incorporando um ardente romantismo, fez de sua existência, arte; de sua arte, vida.” Em diálogo com o mestre, um pequeno grupo de pinturas de Edgar Calhado, amigo do artista e natural de Olímpia, permite um sensível diálogo artístico. Para o curador Marcus Lontra é oportuno trazer este pintor para marcar a abertura da ECO. “Em sua obra, Silva soube retratar as transformações da mata em lavoura e do campo em cidade”.

Arte: Várias Paisagens, exposta no antigo galpão de cargas, traz uma grande mostra de arte contemporânea, com 55 obras. O local será um espaço voltado para a “surpresa, para a inquietude e fantasia”, como define o curador. Reúne artistas de várias gerações e vertentes artísticas acentuando a diversidade estética do mundo atual. “Nesse quadro vale a pena perguntar: o que é a paisagem contemporânea? Qual o seu potencial e quais os seus limites? Qual a sua pertinência nesse confuso e difuso palco contemporâneo? ” Arte: Várias Paisagens “objetiva inserir-se nesse diálogo com obras de artistas brasileiros de várias gerações e com abordagens diferentes sobre o tema”, ressalta Lontra.

ESTAÇÃO CULTURAL DE OLÍMPIA

Visitação: de terça a domingo, das 15h às 21h

Endereço: Rua Coronel José de Medeiros, 477 – Patrimônio de São João Batista Estância Turística de Olímpia – São Paulo