O Diário de Olímpia, com exclusividade, está divulgando em versão digital o livro “Terra Natal – Os Modos da Memória”, do médico olimpiense, radicado em Curitiba, Jorge Salles. Em 2002, a obra encadernada foi lançada em noite de autógrafos na sede da Secretaria da Educação, contando com autoridades, jornalistas, e convidados que lotaram o local.
Ontem, em visita à Redação acompanhado por seu cunhado Ericsson, de Rio Preto, Jorge Salles fechou a parceria com o Diário e aproveitou para visitar, e presentear com a edição encadernada, o secretário de Cultura Gustavo Zanette e o presidente da AOL (Academia Olimpiense de Letras) Genival Ferreira de Miranda, na Casa de Cultura.
Mais tarde, tomou café com o presidente da Câmara Luiz Salata (PP), já que Salles é conterrâneo de seu irmão mais velho, Luiz José Moreira Salata, e dos demais membros do clã Salata. Salata apresentará uma Moção de Aplauso ao autor pela sua iniciativa de disponibilizar importante resgate da história olimpiense por meio digital, através do Diário.
Na época, o prefeito era Luiz Fernando Carneiro (PMDB), que apoiou o evento literário do colega médico, e jornalistas como Diva Thomé, Nelito Santos, Bibi Mathias Neto e Nereu Nadruz, estiveram presentes.
O LIVRO:
São várias as lembranças contidas no livro. Só mesmo lendo. E quem for da época, ou tiver parentes nascidos nessa faixa dos anos 50 a 60, poderá recordar também. A exemplo do cinema, ou melhor, dos cinemas de Olímpia à época:
Eram dois, ou melhor um e meio. O Cineteatro Assunção, o “dos padres”, ficava ao lado da Casa Paroquial onde se reunia a “Liga das Senhoras Católicas”, segundo os mexericos só para as filiadas fumarem escondidas; além de outros pecadilhos que eram segredos de confessionário.
Era muito desconfortável com cadeiras fixas de madeira dura da fábrica de móveis Cimo, do Paraná. A sala era mal conservada com péssimo isolamento acústico e luminoso, e para piorar tinha uma tela pequena com vários remendos.
Nos fundos ficava os “Estúdios da Z.Y.G.” – com seu tradicional bordão “a maior pequena emissora, falando para a cidade e sussurrando para os arredores”.
No balcão – o galinheiro – ao lado do projetor, no anonimato do escurinho os casais abraçados soltavam suspiros que se misturavam aos chiados das trilhas sonoras.
E até o ‘cuidar da vida alheia’ ou preconceitos de ‘cidade pequena’:
Como em toda cidade pequena, conservadora e preconceituosa, onde as pessoas viviam escravizadas pelo convencionalismo, o controle social era muito forte.
As instituições alertas zelavam pela moral, e os bons costumes. As pessoas cresciam excessivamente escrupulosas preocupadas com a opinião alheia, se autopoliciando. Mas, como desde os tempos bíblicos a carne era fraca, hipocritamente toleravam atrás da fachada moralista: a zona, o jogo e os bares, como inevitáveis inerentes à falibilidade humana.
Porém, quando os instintos manipulados pelo demônio que estava sempre atento subjugavam de forma incoercível os frágeis cristãos desencaminhando os pobres pecadores, as pessoas de “Bem” se mobilizavam, escondiam as sacanagens, fingiam perdoar, e faziam de tudo para manter as aparências.
As vergonhas financeiras eram as mais comuns; de repente reputações ficavam enlameadas, famílias sumiam na calada da noite, propriedades mudavam de dono.
Enquanto isso os agiotas enriqueciam, cresciam com a cidade, construíam invejadas mansões, transformando-se em ilibados cidadãos, chefes de tradicionais famílias.
O LANÇAMENTO DE 2002
E
m 2002, o então prefeito Luiz Fernando Carneiro e a secretária da Educação Eunice Balbo abriram as portas da Secretaria da Educação, em uma noite festiva, para a noite de autógrafos da obra encadernada. Carneiro e Salles são colegas de profissão, médicos. Salles é psiquiatra, Carneiro, neurologista.
Confira quem foi ao evento, nas fotos recuperadas pelo Diário de Olímpia: