Por Ivanaldo Mendonça — Questões referentes a erros e acertos ocupam espaço considerável em nosso cotidiano, desde as cátedras das universidades às conversas entre vizinhos. Dentre tantas considerações impõem-se a máxima “é errando que se aprende”.

Quando alguém recebe uma missão e não cumpre, justiça-se: “é errando que se aprende”; quando a meta não é atingida, a equipe conforta-se: “é errando que se aprende”; quando a instituição não atinge seus propósitos, busca em seus anais uma célebre expressão que, transmitida com emoção, atesta: “é errando que se aprende”.

O que parece simples e inocente converte-se num problema, invisível à maioria das pessoas. A máxima que deveria servir como recurso pedagógico no processo de aprendizado e desenvolvimento, ensinando pessoas, equipes e instituições a superar percalços, é utilizada para favorecer e defender a preguiça, o comodismo e a falta de comprometimento.

O “é errando que se aprende” torna-se anestésico da consciência, promotor do comodismo e da indiferença quando utilizado como desculpa e justificativa para defender o erro.

Errar é humano, faz parte da vida, é claro, mas só errar é desumano, o foco da vida deve ser acertar. Considerar o erro como caminho necessário e absoluto ao aprendizado reforça e condiciona as pessoas a focá-lo, em detrimento do acerto.

Aprender com os erros, deslizes e equívocos não justifica errar de propósito. Certamente conhecemos quem, convicto da tese “é errando que se aprende”, nunca aprendeu, tornando-se competente especialista em errar.

A energia e criatividade que deveriam ser investidas na busca pelo acerto servem aos propósitos do erro. Sem contar as conseqüências devastadores de erros fatais.

O foco deve ser o acerto, não o erro. A prática tem ensinado que errando se aprende a errar, não a acertar. É necessário e salutar aprender com os erros que, transmitindo valiosos ensinamentos, ajudam-nos a perceber falhas, excessos ou omissões e, saudavelmente, nos impulsionam a buscar, sem perfeccionismo, o acerto.

Focar e cultuar o erro como temos feito, geralmente para justificar incompetências pessoais e coletivas, atesta a verdade contida nas entrelinhas: “é errando que se aprende a errar”. Foquemos o acerto e, na busca pela excelência, superando os erros, não nos acomodando a eles, sigamos em frente.

É acertando que se aprende!                                           

  • Ivanaldo Mendonça
  • Padre, Pós-graduado em Psicologia,
  • ivanpsicol@hotmail.com