Por Ivanaldo Mendonça — Como não maravilhar-se diante da beleza de um jardim florido ou mesmo de uma flor? Tamanho, cores, perfume, raridade, detalhes… A beleza dos jardins e flores inspira livros, poemas e canções; ilustra lições de vida, valores humanos, princípios religiosos… As flores estão sempre presente, traduzem todos os sentimentos: alegria, amor, gratidão, solidariedade, pêsames… Como a atenção se concentra naquilo que salta aos olhos, em geral, não valorizamos um elemento: toda flor é sustentada por um caule.

Caule é o órgão condutor de seiva. Dele brotam os nós, os ramos, as folhas e as flores. Ele sustenta o corpo da planta, integra raízes e folhas. Sem caule, flor não seria flor. O ritmo da natureza ensina que há um tempo para tudo; nem sempre há ramos, folhas, flores e frutos. Interessante: sempre há caule. Pequeno ou grande, grosso ou fino, bonito ou feio, robusto ou franzino, sempre há caule! O que chama a atenção neste elemento aparentemente insignificante, mas fundamental, é sua firmeza. O caule é firme, estável, sólido e vigoroso.

Seja firme! Quem de nós já não disse ou ouviu este imperativo? As demandas da existência exclamam, direta ou indiretamente: Você precisa ser firme! Questões internas que afligem a mente, a alma e o espírito; questões de relacionamento: família, amizade e profissão; questões sociais: política, educação, cultura, economia. Ser firme é uma necessidade básica e, exercitar esta virtude, um grande desafio. No entanto, quando confundimos firmeza com dureza, este desafio torna-se um problema.

O caule é firme, não é duro. Embora, tantas vezes, de imediato, agir com dureza pareça ser a melhor solução, a vida ensina, a médio e longo prazo, ser a mais danosa, promotora de estragos, muitas vezes irreparáveis. A firmeza do caule permite-lhe conviver e sobreviver à aridez, aos fortes ventos, às chuvas e tempestades. Flexível, curva-se quando necessário, sem que isso fira sua dignidade. Ser firme exige maturidade, paciência, equilíbrio e ousadia. Ser duro é fácil, é ‘chutar o balde’.

Sofremos diante de situações que trazem consigo nobres propósitos (amor, bondade, solidariedade…), mas que, quando conduzidas de forma dura, resultam em fracassos. É absolutamente possível ser firme sem ser duro, cumprindo nossa missão com excelência sem sofrer e promover o sofrimento alheio. Dizer não à dureza é compensador em todos os sentidos. Se aceitas este desafio procure uma flor, converse com um caule, ele lhe ensinará muito. Sejamos caule! Sejamos firmes!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia