Por Márcio Ramos — Miguel Luiz Ramos nasceu em Olímpia, exatamente no local onde era a Casa Ramos, no dia 20 de janeiro de 1919, e faleceu no dia 17 de maio de 1985, aos 66 anos de idade. Este ano completa, portanto, 40 anos desde que ele, meu pai, nos deixou.
Até hoje, pessoas que conviveram com ele — principalmente por ser o fundador da Casa Ramos — me encontram para reviver alguma história. Seja da conta que a família tinha na loja, das fitas com seleções de músicas inesquecíveis que ele gravava ou mesmo de alguma ajuda que ele tenha dado. Nesse último caso, sempre me surpreendo, porque meu pai era daquele tipo que “o que a mão direita dá, a esquerda não precisa ficar sabendo”.
Meu pai cursou até o 3º ano do grupo escolar e fez um curso técnico que não chegou a concluir. Mas sua criatividade e espírito inovador eram impressionantes. A primeira fotocopiadora (a chamada xerox) da cidade foi na Casa Ramos. Era um produto da 3M do Brasil, que, curiosamente, usava um negativo que rapidamente revelava a cópia e a devolvia quentinha ao cliente. Também teve a primeira copiadora de plantas de engenharia, do tipo heliográfica, hoje substituída pelo plotter.
A Casa Ramos foi pioneira ao distribuir uma sacolinha no período de Volta às Aulas. Era uma sacola cor de laranja, com alça plástica, estampada com uma rosa vermelha — símbolo do amor que deve ser valorizado nos estudos. Depois veio o famoso embornal, que até hoje desperta saudade e, volta e meia, é lembrado nas redes sociais.
O Tio Miguel, como era carinhosamente chamado, sempre foi extremamente acolhedor. Na Casa Ramos TODAS as pessoas eram bem atendidas, independentemente de classe social, raça ou gênero. Muitas pessoas, de alguma forma marginalizadas pela sociedade, se sentiam acolhidas por lá. E invariavelmente encontrávamos meu pai conversando com elas.
Por isso, dedico este texto às centenas de pessoas que me param na rua para relembrar esse saudoso comerciante que tanto marcou nossas vidas em nossa cidade. Compartilho com todos esta homenagem que o setor público e político de nosso município ainda não conseguiu realizar — assim como não foi feita a tantos outros comerciantes ilustres da nossa cidade, que se foram e estão desaparecendo da memória coletiva.
Márcio José Ramos
Consultor de empresas, Geólogo e empresário, filho de Miguel Luiz Ramos