Escolas da região de Rio Preto estão enfrentando surtos da doença “mão-pé-boca” – enfermidade que forma bolhas nessas partes do corpo, sendo altamente transmissível. A doença atinge, principalmente, crianças menores de cinco anos, que são mais suscetíveis ao vírus. Diário da Região, Rio Preto

Em Catanduva, a prefeitura confirmou que oito escolas municipais enfrentam um surto da doença causada pelo vírus Coxsackie. Já em Rio Preto, a Secretaria Municipal de Saúde informou que casos foram registrados em algumas escolas, mas que ainda não houve registro de surtos – termo usado na epidemiologia para identificar quantidades acima do normal de doenças contagiosas.

Em Olímpia, em um primeiro questionamento, pelo menos nas escolas municipais, ainda não foi verificada a incidência da doença.

“Na sala da minha filha, ela e mais alguns colegas pegaram”, contou uma mãe rio-pretense que preferiu não se identificar.

De acordo com a Secretaria da Saúde de Catanduva, ações de orientação e prevenção foram implantadas nas escolas da cidade, como a indicação de isolamento da criança infectada e a limpeza das escolas. Uma reunião entre as Secretaria de Saúde e Educação de Catanduva também foi realizada para evitar a disseminação da doença por meio de outras medidas.

Em Rio Preto, o Diário solicitou um posicionamento da Prefeitura a respeito das medidas que estão sendo adotadas, mas até o fechamento da reportagem não obteve resposta.

“Primeira coisa para evitar casos, é a higiene das mãos. O segundo passo é que, quando uma criança apresentar sintomas de gripe ou de quadro respiratório, que ela fique em casa. É uma forma de não transmitir para os colegas”, disse o vice-presidente do departamento de infectologia da Sociedade de Pediatria (SBP) de São Paulo, Marcelo Otsuka.

Apesar de ser comum na infância, a doença também pode se manifestar em adultos. “É difícil, mas pode ter casos em adultos. Isso acontece porque o adulto já teve contato e pode não ter apresentado sintomas. Já a criança é mais suscetível”, apontou o pediatra.

De acordo com a SBP, a síndrome “mão-pé-boca” foi registrada pela primeira vez na Nova Zelândia e no Canadá em 1957. A doença que é transmitida por meio do contato próximo, como gotículas, secreções, saliva e até fezes contaminadas, teve um aumento do número de casos com o retorno das aulas.

“Com as aulas suspensas e o uso do álcool em gel, muitas doenças respiratórias diminuíram. Com esse retorno à normalidade, elas voltaram a aumentar. Então as crianças que no ano passado não pegaram, neste ano, com redução das medidas de controle de vírus, pegaram junto com outras crianças que estavam suscetíveis a serem contaminadas”, disse Otsuka.

Apesar de raro, o especialista alerta que pode ocorrer casos grave da doença. Por isso, a indicação diante de qualquer sintoma é o procurar um médico. “Esse vírus provoca diarreia, febre e as tradicionais lesões que dão nome a doença. Por isso, com qualquer sintoma, procure um médico”.

Cuidados sanitários

No início de dezembro, o Diário mostrou que o vírus sincicial respiratório, transmitido da mesma forma que a gripe, estava causando a superlotação do Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto.

O vírus sincicial respiratório tem sintomas parecidos com os da gripe comum: espirros, coriza, tosse e febre. Ele atinge principalmente crianças pequenas e o modo de prevenção é semelhante ao da gripe e da “mão-pé-boca”: manter a higienização das mãos constantemente e não levar os pequenos a locais com muita aglomeração.

Atualmente, em caso de qualquer sintoma gripal, deve ser testado para Covid-19, segundo diretriz da Secretaria Estadual de Saúde. “Isso acontece muito porque na escola as crianças acabam tendo uma experiência maior de se infectar. E isso é natural. O que precisa ser feito é continuar com os cuidados sanitários tanto para evitar a contaminação pela Covid-19, como por outros vírus respiratórios”, alertou o infectologista pediátrico Eitan Berezin, do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). (RC)

Doença de Mão, pé e boca

A doença

  • Vírus infantil comum que causa feridas na boca e erupções nas mãos e nos pés.
  • É transmitida por contato direto com saliva ou muco.
  • Os sintomas incluem febre, dor de garganta, mal-estar, irritabilidade e perda de apetite.
  • O vírus costuma desaparecer sozinho em 10 dias. Medicamentos para dor ajudam a aliviar os sintomas.