Por Ivanaldo Mendonça – A família católica brasileira, ou ao menos parte dela, ficou consternada quando, no último dia 18 de julho, foi anunciada, pela noite, a morte de Dom Henrique Soares da Costa. O Bispo da Diocese de Palmares, estado de Pernambuco há 15 dias hospitalizado, em função do contágio pelo Covid-19, não obstante considerável melhora, precisou ser entubado; o agravamento do quadro culminou no óbito do prelado. A reação imediata á noticia de sua morte tumultuou as redes sociais.

Das instituições católicas dos mais diversos níveis, das oficiais às populares, aos diocesanos de Palmares e milhares de seguidores do Bispo as manifestações que pululam até hoje e, cremos, seguirão por muito tempo, nada possuem de extraordinário, senão que, significam, simplesmente, uma parcela mínima do muito que Dom Henrique Soares fez, e sua memória continuará a fazer por muitas pessoas, sobretudo, aquelas que, no anseio por viver a fé cristã católica com autenticidade, nele encontraram e encontrarão referencial sólido e eficaz.

O que chama a atenção no fato de o alagoano de baixa estatura, nascido em 11 de abril de 1963, primogênito de quatro filhos que, aos 18 anos ingressara no seminário, ordenado padre em 1992 e bispo em 2009, aos 57 anos, ter sua trajetória, considerada por muitos como promissora, interrompida? Além do fato de ser o segundo bispo brasileiro vitima fatal do covid-19, nada chama a atenção. Pelas estatísticas pode ser considerado apenas mais um número e, por muitos cristãos católicos, apenas mais um padre que cumpriu sua missão, nada além de seu dever.

Pelo que vimos, ouvimos e aprendemos através das redes sociais ele mesmo, Henrique, pouco se importaria com considerações póstumas. Sua única e maior certeza, assim como maior alegria sempre foi pertencer a Cristo e viver o que sempre rezou presidindo a Santa Eucaristia, ao oferecer o sacrifício perfeito, nosso Senhor Jesus Cristo, ao Pai: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo”. Certamente esta foi a grande graça e dom que a vida deste homem de fé, sucessor dos apóstolos, significa, para além do tempo cronológico que ele permaneceu entre nós.

Dom Henrique Soares comunicou tão intensamente, por palavras e obras, o que acreditava com o mais profundo de seu ser, que o exercício de seu ministério ultrapassou os limites de sua Igreja Particular, convertendo-se em pastor da multidão faminta que clama por cuidado e zelo aos céus. Aos olhos de ideologias que não poupam a Igreja, muitos o tinham como ‘conservador’; aos olhos do rebanho que não poupa consideração por quem dele zela com solicitude, muitos o amam como pastor.

Os impactos da vida e missão do bispo de Palmares sobre a vida e missão de muitos cristãos católicos e homens e mulheres de boa vontade parece fazer jus ao pedido de que as autoridades eclesiásticas encaminharem, de pronto, seu processo de canonização. Se perguntado sobre isso, parecemos ouvi-lo: “Agora isso é coisa vossa. Já encontrei aquele que buscava e vos ensinei o caminho. Sou totalmente de Cristo”. Quanto ao nome do possível candidato aos altares arriscaram ‘São Henrique de Palmares’. Pelo que vimos, ouvimos e aprendemos, cremos não poder ser outro: ‘São Henrique de Cristo’.

Louvado seja Deus por nos conceder tão exímio pastor. Obrigado por tudo Henrique de Cristo!

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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