Por Ivanaldo Mendonça — Por muito tempo, os conceitos de idade e maturidade estiveram atrelados. Esperava-se e exigia-se, muitas vezes, que um adulto se portasse diferentemente de um adolescente; da mesma forma, em função da idade, tolerávamos e compreendíamos comportamentos desajustados, advindos de uma criança.

Um olhar apurado da realidade faz-nos perceber que idade e maturidade estão relacionados, mas, não necessariamente, dependentes. Ao idealizar o ser humano mais perfeito possível, movidos pela esperança, ignoramos, inconscientemente, elementos significativos.

O processo de desenvolvimento humano é dinâmico; para além da referência cronológica, as medidas do tempo (segundo, minuto, hora, dia…), sofremos efeitos e interferências diretas de outros elementos que não podem ser controlados pela precisão matemática, especialmente os fatores psíquico, afetivo, relacional e espiritual.

De maneira geral, espera-se de uma pessoa madura a capacidade mínima e suficiente de integrar, sadiamente, as diversas dimensões que a constituem, manter-se em equilíbrio e responder, assertivamente, ás demandas internas e externas do existir.

As atuais circunstâncias impõem-nos elementos que, ao invés de favorecer o equilíbrio e a assertividade, produzem personalidades desintegradas e uma sociedade débil. A angústia e sofrimento decorrentes desta situação geram duas consequências: a fuga, cujo sintoma é a depressão, e/ou, a ira, cujo sintoma é a violência. Ratifica esta verdade a insistência, por parte de pensadores, estudiosos, cientistas e correntes espirituais, no cultivo de elementos básicos ao ser humano e ás suas necessárias relações. Aprender a dizer ‘bom dia’, ‘com licença’ e ‘por favor’ é matéria nas universidades.

Não existe ser humano completo, mas é possível elencar características básicas da maturidade, que servem como critérios de discernimento e superação das debilidades ás quais, todos, somos sujeitos. São sinais de maturidade humana:

  1. Alta capacidade de frustração e tolerância: manter o equilíbrio, a identidade do eu, relações estáveis com os demais e o sentido da vida, sobretudo, quando fortemente ameaçado;
  2. Capacidade de levar adiante ações com bom êxito (diligência): Converter ideias e projetos em ações concretas; ser capaz de realizar com excelência;
  3. Equilíbrio emocional: autocontrole, estabilidade de ânimo, serenidade, pontualidade e firmeza nas decisões;
  4. Aceitação da realidade (objetividade): transparência, verdade, bom humor, saber escutar e discordar com avidez.

Não se espera de uma criança, adolescente e jovem este grau de maturidade. Lastima-se, entretanto, a enorme quantidade de adultos e idosos que não a possuem, sequer, minimamente. Diferentemente da idade cronológica, a maturidade é uma busca, que exige muito empenho. Os beneficiários desta conquista, primeiramente, somos nós mesmos e, consequentemente, todos aqueles que cruzarem nosso caminho. Busquemos a maturidade!

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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