ivanaldo-mendoncaPor Ivanaldo Mendonça — O capítulo 7 do Evangelho de Lucas narra que, chegando Jesus à cidade de Naim, viu que levavam um defunto para enterrar: era um jovem, filho único, sua mãe era viúva. Grande multidão acompanhava o enterro.

Jesus, sentindo compaixão para com a mulher, devolveu a vida ao jovem. A multidão, espantada, espalhou a notícia por toda a redondeza. A breve passagem apresenta posturas básicas diante da vida.

A postura de morte. Há quem viva eternamente como defunto e, mesmo sendo jovem, bonito, inteligente, bem sucedido, estimado e crente (aquele que crê), esteja morto. Para este, a vida é rotina e obrigações. O sangue não circula, as portas da mente e coração estão lacradas. Resta-lhe a escuridão interna.

Morre aos poucos, despedaçando-se, a cada dia. A postura de dor. Há quem viva eternamente o luto e, mesmo sendo jovem, bonito, inteligente, estudado, bem sucedido, estimado e crente (aquele que crê), esteja preso às perdas, naturais ou acidentais.

Para este, a vida é um pesado fardo de lamentações. É de mal com seu passado, briga com seu presente e, seu futuro, será um vale de lágrimas.

A postura de multidão. Há quem viva eternamente como multidão e, mesmo sendo jovem, bonito, inteligente, bem sucedido, estimado e crente (aquele que crê), seja sujeito oculto ou indeterminado. Este nunca assume o que pensa, veste-se de desculpas e justificativas. Seu ritmo de vida é imposto pelo “ouvi dizer que…”, “falaram que…” Seu prazer é bisbilhotar: leva o defunto, assiste a dor da mãe, porém, nada faz.

Parasita, vive às custas dos outros, o ciúme lhe consome, mendiga tudo. A postura de Jesus. Há quem ame indistintamente e, mesmo não sendo jovem, bonito, inteligente, bem sucedido e estimado, mantem-se firme na fé. Crê em Deus, na vida e no amor, professa a fé de forma comprometida, zela pela saúde espiritual, participa da vida comunitária, coloca seus dons a serviço. Sensível à dor do outro, é instrumento para que a vida impere sobre todas as forças da morte; não dispensa a multidão, aproveitando toda e qualquer ocasião para ajudar as pessoas.

Continuamente a vida exige de nós uma postura. O livre arbítrio permite que escolhamos, tornando-nos responsáveis diretos pelas consequências das escolhas. Postura de defunto, postura de dor e postura de multidão jamais farão de nós o melhor que podemos ser. Chamados à excelência, assumamos, à luz da fé, empenhando todos os esforços, a postura de Jesus.

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

ivanpsicol@hotmail.com