DA REDAÇÃO / EXCLUSIVO – O desempregado Maicon Douglas Henrique, 27 anos, principal suspeito de ter matado a motorista de aplicativo Hortência Lourenço Dias, 37 anos, encontrada em uma vala do bairro rural Campo Alegre na madrugada de anteontem (13), e preso na tarde de hoje (14) pela Polícia Civil de Olímpia, após ser encontrado em Pirangi em casa de familiares, negou ter agido sozinho, jogando parte da responsabilidade da morte da motorista em dois indivíduos que foram presos no início da noite, após serem citados no interrogatório de Maicon, conseguido com exclusividade pelo Diário. Fotos Olímpia 24 Horas

Até às 22h, o Diário estava de plantão na Delegacia, e ambos, um menor, S., e um maior, Rogério, ainda estavam sendo ouvidos em interrogatório por investigadores, após terem sido presos pela Força Tática da Polícia Militar. E até então, não havia sido divulgada a informação de que eram cúmplices do assassinato de Hortência.

Agora, o Diário, de posse do interrogatório de Maicon, dá a versão dele e de como foi a dinâmica do crime, inclusive com golpe de ‘mata leão’, canetada (a caneta quebrada encontrada no local do crime), entre outras ações de barbárie contra a motorista.

A VERSÃO DE MAICON

Conforme mostrado em vídeo do Olímpia 24 Horas, Maicon chegou à Delegacia escoltados por investigadores que o prenderam e sem advogado. Em depoimento ao escrivão Luiz Carlos Ferreira Júnior, quis espontaneamente se pronunciar sobre o caso. Anteriormente, sua mãe e irmãs, também acrescentaram um adendo ao Boletim de Ocorrência dos fatos, imputando-lhe esse crime.

Primeiramente, Maicon confessou ser usuário de cocaína e que, no dia anterior ao crime, feriado da Padroeira, 12 de outubro, solicitou os serviços de motorista de Hortência pelo aplicativo WhatsApp, e que ela prontamente lhe atendeu, sendo recebida por ele, Maicon, e mais dois conhecidos dele, o menor S. e o maior Rogério. Ele disse, ainda, que “já tinham em mente realizar um roubo de veículo e escolheram Hortência de forma aleatória”.

Hortência, então, chegou ao endereço indicado por Maicon e os dois comparsas, nenhum familiar estava em casa. Ela chegou com o VW Voyage branco, Maicon sentou no banco da frente e, atrás, Rogério e o menor S. A corrida indicada foi para o bairro Quinta das Aroeiras, onde pararam por alguns instantes para consumirem cocaína no interior do automóvel e que, após usarem as drogas, o menor S. deu um golpe de ‘mata leão’ em Hortência, fazendo com que ela desmaiasse. Puxaram o seu corpo para o banco traseiro desacordada e Maicon, segundo ele, assumiu o comando do Voyage da vítima em direção ao bairro rural Campo Alegre e que, durante o percurso, Hortência se debateu e arranhou o menor S., e que a agrediram, em revide, com socos e seguraram o pescoço dela em esganadura para que desmaiasse novamente.

Ao chegarem no Campo Alegre, segundo Maicon, em seu depoimento dado à Polícia Civil no início da noite, Hortência estava desacordada, parou o veículo, sendo que os dois comparsas jogaram o corpo de Hortência na vala da estrada e, do lado de fora do carro, “para garantir a morte dela, Rogério golpeou o pescoço dela com uma caneta, sendo que a caneta foi abandonada no local”.

Maicon confessa que, após os golpes na região do pescoço, desferidos por Rogério, segundo ele frisou no depoimento, embarcaram no Voyage novamente, Maicon permaneceu dentro do veículo também.

Ele contou que o objetivo foi mesmo o de vender o veículo da motorista, “para conseguirem um dinheiro e que todos já tinham em mente o que seria feito e todos sabiam que a motorista seria morta”.

Depois do ocorrido, ele disse que fugiu para o município de Pirangi, com o automóvel escondido na casa de um amigo, que, segundo ele, não sabia do crime praticado momentos antes em Olímpia por ele.

ANTES DE FUGIR, AVISOU MÃE E IRMÃS

Questionado pelo escrivão se a sua família tomou conhecimento do crime cometido por ele, respondeu que sim. Ele contou para a sua mãe e também para a sua irmã, inclusive o comparsa menor de idade, S., é namorado dessa irmã.

Daí, na sequência, Maicon confessa que, após ter cometido o crime de latrocínio, roubo seguido de morte, passou em sua casa, em Olímpia, buscou a irmã, namorada de S., e foi até a Avenida onde estava a outra irmã e sua mãe, que estavam em um Bar, e contou-lhes o que ocorreu com Hortência e todos os fatos relatados.

Maicon disse que o Voyage foi reconhecido por um homem, que passou no local e perguntou-lhe se o veículo era de Hortência, e que logo deixou o local.

Mais uma vez, Maicon confessa que cometeu esse crime juntamente com o menor S. e o adulto Rogério, e que “afirma ter apenas dirigido o veículo, negando as agressões cometidas contra Hortência, apenas dirigiu o veículo”.

Em Pirangi, foi encontrado pelos policiais na casa de um amigo, logo confessando o crime ocorrido.

Maicon autorizou a quebra do sigilo telefônico, fornecendo a senha de desbloqueio de seu aparelho celular.

ESTÁ ARREPENDIDO E JOGA A CULPA NOS AMIGOS

Por fim, declara estar “arrependido”, que fez o que fez “por estar alcoolizado e drogado, efeito de cocaína e álcool no momento do crime”.

Novamente, joga a culpa na dupla que estava depondo na noite desta sexta-feira (14): “A ideia de fazer o roubo foi de S. e Rogério”.

O Voyage ficou sem gasolina em Pirangi e precisou abandoná-lo em uma rua daquela cidade. Com a chegada dos policiais civis, apontou o local onde estava o VW Voyage de Hortência.

Na manhã deste sábado, passa por audiência de custódia em Barretos e, daí, certamente cumprirá a prisão temporária, inicialmente de 30 dias, como é de praxe, em uma unidade prisional, requerida pelo delegado Rodrigo Souza Ferreira.