Impensável até semanas atrás, por sucessivas entrevistas e declarações o coordenador executivo do Comitê Científico de combate ao novo coronavírus, no Estado de São Paulo, João Gabbardo, mudou de ideia ao ser questionado durante coletiva hoje (30) no Palácio dos Bandeirantes, com o governador João Doria e outros secretários e membros. “Hoje, o Carnaval pode ser realizado com segurança nesse momento de transmissibilidade”, disse.
“Não tem mais sentido nesse cenário da pandemia obrigar ao uso de máscaras, porque isso implica em fiscalizar e multar, e isso hoje é inadmissível”, retirou Gabbardo.
Em Olímpia, conforme confirmado pela Prefeitura, não haverá mais Carnaval em 2022, ao contrário de algumas cidades que adiaram para Abril.
MENOS INTERNAÇÕES, MENOS MORTES
Isso se deve, principalmente, ao anúncio feito pelo próprio governador de que o Estado de São Paulo registrou redução de 84% das internações por COVID-19 desde o final de janeiro, quando foi registrado o pico da variante Ômicron. Atualmente os hospitais possuem 1.869 pacientes internados, sendo 1.195 em enfermaria e 672 em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Apenas na última semana epidemiológica, encerrada no sábado (26), a redução de novas e pessoas internadas por coronavírus foi de 21,77%. Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva é de 23,3% e de enfermaria, 17,9%.
“Esses dados nos permitem avaliar as duas semanas de flexibilização do uso de máscaras em ambientes abertos e fechados. Isso é o impacto sim da vacinação. Chegamos a quase 92% da população elegível acima de cinco anos imunizada”, disse o Secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn.
DESUSO DAS MÁSCARAS E CARNAVAL
Ao responder pergunta de uma jornalista, hoje, se a flexibilização do uso de máscaras causou algum impacto negativo no controle à pandemia e como fica o carnaval, Gabbardo retrucou: “Pode-se afirmar com muita certeza que não houve nenhum impacto negativo em relação à evolução da flexibilização na forma como foi feita, São Paulo fez uma flexibilização gradativa, começamos nos ambientes externos, e depois de forma muito segura em locais internos, mantivemos em locais que consideramos os mais perigosos, como transporte público e estabelecimentos de Saúde”.
Gabbardo atribui essa ausência de negatividade em relação ao desuso das máscaras aos elevados índices de vacinação anti-Covid-19. “Graças à vacinação, os dados apresentados hoje demonstra cada vez mais uma menor transmissibilidade do coronavírus, a redução no número de internações hospitalares e do índice de óbitos”, assinalou.
“Hoje a questão do uso de máscaras, eu diria, passa pela necessidade pessoal das pessoas utilizarem ou não, independente do local onde elas estiverem, seja aberto ou em aglomerados, quais as pessoas que precisam se proteger melhor com as máscaras, se tem ou não maior risco de contraírem sintomas graves, daí sim a recomendação permanece do uso de máscaras”, assinala Gobbardo.
Quanto ao Carnaval, foi taxativo: “Penso que o carnaval pode ser realizado com segurança, neste momento de transmissibilidade”.
O coordenador do Comitê Executivo retornou para a obrigatoriedade do uso de máscaras, considerando que, em breve, serão totalmente descartadas: “Acredito que, muito em breve, essa obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes, que ainda são recomendados o seu uso, como transporte coletivo e estabelecimentos de Saúde, possam ser também flexibilizados, não mais como uma obrigatoriedade, mas uma orientação, uma recomendação, uma sugestão”.
Gabbardo concluiu: “A obrigatoriedade pressupõe fiscalização e multas, em advertência ou punição. E isso não tem mais sentido nesse momento da pandemia. A orientação é: se precisar usar máscara, use, independente do local”.