Por Ivanaldo Mendonça — No campeonato mundial de futebol que acontece na Rússia o Brasil já encontrou o seu lugar. Em menos de uma semana nos destacamos como notícia. Pela habilidade de nossos jogadores? Não! Pelos exóticos cortes de cabelo? Não! Pelo patriotismo e civilidade? Não! Pela alegria e samba no pé? Não! Somos manchete pela formas vergonhosas através das quais alguns brasileiros, filhos da pátria mãe gentil, porém, nada gentis, se comportam.

Num dos episódios vergonhosos, um grupo de brasileiros, em tom de deboche, induzem uma jovem russa a repetir palavras de baixo calão. Sem escrúpulo, gravaram e dispararam pelas redes sociais a agressão.  Atenção! Não são favelados, analfabetos, mendigos ou da classe baixa que vive na linha de miséria. São garbosos, posudos, graduados, profissionais qualificados, evidenciando, mais uma vez que diploma não significa de educação.

O mundo reage. Pessoas, grupos e organizações repudiaram a atitude; empresas sérias despediram seus funcionários envolvidos. Pouco importa seus nomes e sobrenomes, onde moram, quais seus cargos e salários, se são apadrinhados políticos, doutores ou milionários. Para além do campeonato esportivo reflitamos sobre valores: dignidade, respeito, educação, tolerância, dentre outros.

A regra é clara: Não importa quem seja o infrator, cumpra-se a lei. Alguém por acaso lembra-se o nome do árbitro do primeiro jogo do Brasil nesta copa? Não! No entanto, ele deve pagar uma pena por desconsiderar o auxílio do árbitro de vídeo, ignorando um empurrão que ocasionou o gol dos adversários, o que impactou sobre o resultado.

Mas não precisa ser na Rússia! Viralizou nas redes sociais a foto de um paciente sobre o leito hospitalar. Estava nu! Na pior das hipóteses, se o registro fosse para fins científicos, deveria seguir procedimentos técnicos (como autorização expressa do paciente ou seu responsável direto precedentes ao registro) e éticos (como o sigilo).  Absurdo argumentar que comumente profissionais da saúde registram pacientes nestas circunstâncias, quanto mais expô-los, a quem quer seja.

A regra é clara: não importa quem seja o infrator, cumpra-se a lei. Foram infringidas leis naturais de respeito á dignidade humana, sobretudo, de pessoas em situação de fragilidade. Foram infringidas regras de instrumentos reguladores como códigos de conduta institucional, código de ética profissional e resoluções dos órgãos representantes das categorias profissionais

Saber o nome do dono da arte é o de menos, muito embora, uma sindicância deva ser instaurada; uma instituição séria tem o dever moral de dar satisfações á população, uma vez que todos foram agredidos, inclusive os que não se deram conta. Arrepender-se e pedir perdão é o mínimo.

Porém, nem do ponto de vista religioso-espiritual arrependimento ameniza culpa e neutraliza consequências do delito. E se fosse o papa? E se fosse o presidente da república? Quanto maior o grau de consciência, maior o grau de responsabilidade. A regra é clara lá, na Rússia, e aqui, no Brasil!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

ivanpsicol@hotmail.com