Por Ivanaldo Mendonça — O perfil ideal de liderança contempla, dentre outras, a habilidade de construir laços, ao mesmo tempo em que apresenta, como principal desafio, a capacidade de administrar conflitos. Mais que mandar, por força do cargo, ou, orientar, por força da técnica, na busca por resultados positivos, deve o líder favorecer espírito de equipe e sinergia. Poder e técnica só serão potencializados se permeados pela sabedoria, a capacidade de tomar a melhor decisão, na hora certa e do jeito certo.

Napoleon Hill considera como principais causas de fracasso do líder: incapacidade de organizar detalhes; recusa em executar tarefas próprias de cargo abaixo do seu; expectativa de pagamento pelo que ‘sabe’ e não pelo que faz com o que sabe; medo da concorrência; falta de imaginação e egoísmo.

O egoísmo, amor exagerado aos próprios interesses em despeito dos de outros, perece-nos o mais grave; emerge do íntimo, gerando movimentos nem sempre perceptíveis, que sabotam a condução daquilo que líder e equipe determinaram e assumiram como meta e caminho a ser percorrido.

Tive a oportunidade de assessorar a implantação de um processo que culminou com a elaboração de um plano diretor, norteado por princípios sólidos, que regeria, por um tempo, os rumos de uma organização. Não obstante as dificuldades próprias de todo processo de mudança, o plano foi sendo implantando, assimilado e assumido, até esbarrar-se num grande desafio: o egoísmo.

Embora as diretrizes estivessem alinhadas e os principais responsáveis comprometidos, a postura inadequada da liderança que, para não arcar com o ônus da mudança que ela mesmo encabeçara, deixara de obedecer os princípios condutores do processo, caindo em profunda contradição, pois tudo a perder.

A falta de firmeza e estabilidade abriu brechas para que os conflitos prevalecessem sobre os propósitos, resultado em fracasso.

Os liderados desistiram de acreditar naquela liderança, restando-lhe, apenas, a força do cargo como recurso para fazer-se respeitar. Os propósitos definidos como metas, foram engavetados, colocando a organização, novamente, a deriva. Os sabotadores, diante do fracasso do líder e engavetamento do plano, coroaram a divisão, como rainha.

Ultrapassa os tempos a máxima cunhada por Jesus, registrada no Evangelho Segundo Mateus: “Todo reino dividido em grupos que brigam entre si será arruinado”. (Mt 12,25).

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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