Por Ivanaldo Mendonça — Valendo-nos dos muitos e ricos recursos que o tempo quaresmal disponibiliza, a fim de que façamos adequada preparação para a celebração da Páscoa, festa máxima da fé cristã, memorial do evento da paixão-morte-ressurreição do Senhor, nossos passos e caminho são iluminados pelo tema “O amor tudo transforma”.

A compreensão e aceitação de que Deus é a fonte e raiz de todo amor, e de que, como Sua imagem e semelhança, a capacidade humana de amar genuinamente Dele descende, possibilita-nos superar o equívoco de que ‘nosso amor’, no sentido puramente humano, é capaz de dar conta de tudo e de todos. Essa interpretação errônea é, por sinal, a causa de muitos sofrimentos que assolam o ser humano, tanto individual quanto coletivamente.  Pela graça de Deus que habita em nós, podemos muito, porém, não podemos tudo.

Nesse sentido, somos desafiados a, na liberdade, de forma consciente e responsável, aderir á dinâmica do amor que, partindo de Deus insere-nos no movimento: viver ‘do amor’, ‘no amor’, ‘com amor’, ‘para amar’. O principal alvo do amor humano é Deus; ensina o primeiro dos mandamentos do decálogo: “Amar a Deus sobre todas as coisas” (Êxodo 20,1-17). Amando a fonte de todo o amor, por ela somos preenchidos, e nela, temos condições de amar. Embora não dependa de nós, pois é absoluto, Deus pede de nós uma única coisa: o nosso amor.

O amor a Deus, enquanto adesão livre e total está profundamente ligado á virtude da obediência. Ensina-nos as Sagradas Escrituras que Abraão, embora com idade avançada e sem filhos, tudo deixara, colocando-se a caminho rumo á terra que Deus lhe preparara (Gênesis 12, 1-4a). Tal entrega e confiança, fez dele, a partir de seu filho Isaac, cujo nome significa ‘o filho da promessa, pai de uma descendência mais numerosa que as estrelas do céu. 

Amar a Deus sugere, antes de tudo que saíamos de nós mesmos, abandonando-nos á Sua graça e ação; Ele ama-nos mais do que nós mesmos nos amamos. Para subir a montanha, ‘o lugar de Deus’, é preciso deixar muitas coisa para trás, o que de forma alguma significa perder. Subindo a montanha com Jesus, os discípulos Pedro, Tiago e João foram abraçados e transfigurados pela luz do amor do Pai. (Mateus 17,1-9). Amados e transformados, desceram da montanha impulsionados a amar, favorecendo que cada homem descobrisse, de maneira consciente, livre e responsável, como é bom amar a Deus e, a partir Dele, como é bom a amar a tudo e a todos.  Amemos a Deus! Abençoada Quaresma!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

ivanpsicol@hotmail.com