Por Ivanaldo Mendonça — As portas de um novo Natal nos movem, tanto pessoal quanto coletivamente, a recuperar e fortalecer o real sentido e significado do que celebramos. Sentidos secundários e outros acabaram não só ofuscando, mas também desvirtuando o real valor e importância das celebrações natalinas. Por isso, cada vez mais, a perda de sentido e significado se impõe, para além de uma ou outra comemoração, sobre a vida e existência humana.

Celebramos, simplesmente, o nascimento de uma criança? Não! Embora o nascimento humano nos coloque diante da beleza, largura e profundidade do amor de Deus, celebramos, antes de tudo, a vitória definitiva da vida sobre a morte, experiência fundante da fé cristã, cujo evento central é o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, o evento pascal. O ponto de partida para a celebração do Natal é a Páscoa. Crianças nasceram, nascem e sempre nascerão. Ressuscitar é dom primeiro de Cristo e, só depois, dos que Nele creem. A razão primeira do Natal é o evento pascal!

Celebramos, simplesmente, o nascimento de alguém importante? Não! Embora o natalício figure entre as principais comemorações da vida humana e deva ser festejado, celebramos, antes de tudo, o mistério da encarnação de Deus que, em Jesus, se fez homem. O ponto de partida para a celebração do Natal é a encarnação da Palavra (Verbo) de Deus. O Natal não comemora o nascimento de Jesus como natalício, pois Deus não nasce, no sentido estrito da expressão. Deus é criador incriado, Jesus é Deus feito homem, exceto no pecado, para salvar a humanidade. A razão primeira do Natal é a encarnação do Verbo de Deus!

Celebramos, simplesmente, o encontro entre pessoas? Não! Muito embora o encontro saudável entre pessoas seja uma expressão humana valorosa e necessária, celebramos, antes de tudo, o encontro reconciliador de Deus com a humanidade. Uma vez que o pecado rompeu a relação harmoniosa entre homem e Deus, impondo à humanidade a dura pena da morte, na encarnação do Verbo, os céus se abrem, novamente, para acolher o homem redimido pelo sangue de Cristo derramado na cruz. A razão primeira do Natal é o encontro entre céus e terra!

Assim, celebramos o Natal naquilo que este evento significa. Recuperar e fortalecer o sentido e significado deste acontecimento coloca-nos em sintonia com nossas raízes (somos obra do amor infinito de Deus), com nosso presente (sobre como direcionamos nossas vidas) e com nosso futuro (sobre como buscamos/conferimos sentido e significado à nossa existência). A partir da celebração da encarnação do Verbo de Deus, celebramos a vida que se faz, não simplesmente como recomeço, mas, verdadeiramente, como começo, começo do jeito certo, a partir de Cristo.

Feliz e abençoado Natal, todos os dias!

Ivanaldo Mendonça Padre