Por Ivanaldo Mendonça – O seguimento fiel de Jesus inspira-nos a rezar, refletir e agir, de maneira especial ao longo do tempo quaresmal, preparando-nos para celebrar a Páscoa, festa mais importante da fé cristã. Ao longo deste período, valemo-nos dos exercícios da oração (que aprofunda, alimenta e renova nossa relação com Deus), do jejum e práticas penitenciais (que favorecem o autoconhecimento e equilíbrio) e da caridade (que aprofunda, alimenta e renova nossa relação com os irmãos). Estas dimensões abarcam a totalidade de nossa existência, caracterizando-nos como seres relacionais.

A experiência do seguimento fiel faz-nos discípulos-missionários de Jesus Cristo. O discipulado consiste na etapa desta vivência na qual somos moldados pelo mestre; a missionariedade consiste no testemunho de fidelidade a Jesus oferecido, gratuitamente, através do jeito de pensar, sentir, falar e agir dos discípulos que contagia outras pessoas movendo-as a assumir Jesus como salvador. O processo do seguimento fiel de Jesus se faz e refaz através do encontro pessoal com o mestre, da conversão, do discipulado, da comunhão e missão.

O encontro pessoal com Jesus gera profunda transformação. Nisso consiste o segundo aspecto da formação dos discípulos-missionários, a conversão, compreendida como resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, de quem Nele crê pela ação do Espírito Santo, de quem decide consciente, livre e responsavelmente mudar a forma viver aceitando a cruz de Cristo, certo de que morrer para o pecado é alcançar a vida. A graça da conversão experimentamos, sobretudo, através do sacramento do Batismo e da reconciliação que atualizam para nós a redenção de Cristo.

A conversão é antes, de tudo, fruto do encontro com a misericórdia de Deus cuja luz nos alcança, preenche e cura, conferindo sentido e significado á vida e existência. Transformados pela misericórdia convertemo-nos, também, em corações misericordiosos aos quais o critério fundamental deixa de ser o julgamento e passa ser o amor. Sinal de conversão é, também, a coerência, verdade que alinha mente-coração-palavras-atitudes; viver coerentemente permite-nos superar a hipocrisia e vaidade, abraçando a transparência diante de Deus, de nós mesmos, e dos outros.

No caminho do seguimento fiel de Jesus converter-se é colocar-se a serviço; a medida não é o posto ocupado, mas, a intensidade do amor doado. Converter-se é saber dar a cada coisa o seu devido lugar, aprendendo a administrar tudo aquilo que de Deus recebemos como benção; converter-se a Jesus é produzir bons frutos escandalizando saudável o mundo, como fez Jesus, particularmente, por meio do acolhimento, sobretudo, dos mais frágeis e necessitados. Seguir Jesus, nosso salvador é converter-se a Ele, cada dia, um pouco mais.

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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