Por Ivanaldo Mendonça — No discurso inflamado o orador referiu-se à Igreja, caracterizando-a como oportunista e um grande entrave ao desenvolvimento. Estranhou-me que um esclarecido propagador da liberdade, igualdade e fraternidade, como se apresentara, fosse tão simplista e contraditório.

ivanaldomendoncaMuitos mestres e doutores são anacrônicos: analisam, julgam e condenam acontecimentos, sobretudo do passado, ignorando seu contexto originário. Falta sensibilidade e bom senso, para discernir que, qualquer instituição, religiosa ou não, está sujeita a erros, pelo simples fato de ser administrada por humanos.

A Igreja não é exceção, assume e pede perdão, publicamente, pelos erros do passado e do presente, num contínuo esforço de superação.

A história atesta inúmeras verdades sobre a Igreja, que tantos desconhecem, ignoram e sufocam. Luzes que superam quantitativa e qualitativamente as sombras. Dentre elas, com a graça de Deus, estão hospitais, asilos e orfanatos. É a maior organização caritativa no planeta, trazendo alívio e conforto aos sofredores; educa mais crianças que qualquer outra instituição educativa ou religiosa; desenvolveu o método científico, fundou o sistema universitário, defende a dignidade de toda vida humana.

Na festa do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), celebrada ontem, quinta-feira (15, testemunhamos, publicamente, a fé na presença viva e real de Jesus na Eucaristia, alimento que nutre e fortalece a Igreja. Em muitas de nossas cidades, a ocasião é uma pequena demonstração da consciência, amor e comprometimento da Igreja. Milhares de pessoas, de todos os lugares, disponibilizam seus dons para confeccionar trabalhos manuais, cuja venda é destinada às instituições e projetos sociais que acolhem crianças, jovens, famílias e idosos, sem colocar a religião como critério.

Oportunista, ensina o dicionário, é aquele que tira proveito das circunstâncias em benefício próprio. O interesse da Igreja é colaborar, aproximando o ser humano do coração de Deus.

Não é sua função primeira fundar e administrar instituições de caráter social, mas Ela o faz na defesa e promoção da dignidade humana. Tempos depois, vim saber, que o inflamado orador, assumira a direção de uma instituição, para garantir interesses pessoais; instituição que fora fundada e administrada, com excelência, durante muitos anos pela Igreja, e que, tomada por politiqueiros, estava prestes a fechar as portas

Nesse mundo cheio de dificuldades e dor, é reconfortante saber que algumas coisas permanecem coerentes, verdadeiras e fortes: nossa fé católica e o eterno amor que Deus tem por toda a criação.

Parabéns às paróquias e comunidades pelo simples, bonito e profundo testemunho de fé.

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia