Por Karina Younan – Jogos de azar são aqueles que envolvem apostas em dinheiro onde o resultado depende preponderantemente da sorte. Os defensores da proposta justificam que a legalização vai aumentar a arrecadação de impostos, além de gerar empregos e desenvolver o turismo. Do outro lado, opositores afirmam que liberar o jogo é abrir uma porta para a lavagem de dinheiro no país.

karina-younanPara o âmbito da saúde, os jogos são apostas de risco, que não envolvem habilidades em seus jogadores e podem vincular as pessoas pela compulsão e fixação. Não se tratam de estímulos voltados à memoria ou habilidades cognitivas, e sim automatismos, além da possibilidade de empobrecimento.

Para que existam os benefícios que os jogos podem proporcionar, os desafios precisam ser resolvidos a partir de reflexões. Solucioná-los à base de tentativas e erros não resultam em desenvolvimento e até mesmo o entretenimento pode ficar comprometido, trazendo a angustia de realização e posterior compulsão e vício. O brincar do adulto também  deve ser um estímulo a saúde e nunca uma manipulação que só visa arrecadação.

Não é incomum que jogadores patológicos tragam prejuízos à família, atrapalhem a rotina de trabalho e tenham transtornos financeiros graves. A compulsão ligada ao jogo é uma doença comportamental, não uma dependência química, onde o risco envolve a personalidade, o contexto e a condição social do indivíduo.

Traços de impulsividade combinados com tendência à ansiedade são componentes importantes a se considerar para a propensão a adição ligada ao jogo, que alivia momentaneamente a tensão, numa atitude de alienação aos problemas e nunca de sua resolução. Irritabilidade, insônia e apostas cada vez mais altas evidenciam a falta de controle, apesar das consequências sérias e negativas.

* Karina Younan é psicoterapeuta formada pela PUC de Campinas e Mestre em Ciências da Saúde pela Famerp