Por Ivanaldo Mendonça – O tempo quaresmal visa favorecer aos homens e mulheres que professam a fé católica, que se preparem dignamente para celebrar o verdadeiro sentido da Páscoa, evento fundante da fé cristã, rememorando a vitória definitiva de Cristo sobre o pecado e a morte.

A proposta para este período é que cada batizado busque viver e/ou reviver o profundo encontro com Deus, consigo mesmo, com os irmãos e tudo o que o envolve e, a partir da reflexão e oração, sob a luz do Espírito Santo, reoriente sua existência e vida conformando-a, cada vez mais, ao projeto de Deus.

O tema ‘O Amor tudo transforma’ oportuniza-nos contemplar o caminho quaresmal reconhecendo que, mergulhados no infinito mar do amor de Deus, tornarmo-nos mais e melhor quem, de fato, devemos ser. Reconhecendo a verdade atestada pelas Sagradas Escrituras no Evangelho Segundo João, de que “Deus é amor” (1 Jo 1, 4-8), compreendendo que amar significa o máximo desejo do bem por alguém ou alguma coisa, tendo sido criados, homem e mulher, à imagem e semelhança de Deus, conclui-se que o dom de amar está na origem e essência da humanidade.

Tendo como princípio o amor de Deus, Amor-Maior, o ser humano é chamado a viver ‘do amor’, ‘no Amor’, ‘com Amor’, ‘para Amar’. Amar é a vocação primeira do homem. Este caminho apresenta-se como o único capaz de conferir sentido e significado á existência humana e, por conseguinte, verdadeira felicidade.

Fora da dinâmica do amor o homem nada é, e nada pode. O desvio, subversão ou fuga desta verdade, natural e de fé, explica muitas, senão, todas as realidades que desfiguram o ser humano, individual e coletivamente, pois configura a negação de sua essência.

No uso da liberdade conferida amorosamente pelo Criador, ambicionou o homem que, na condição de ser supremo poderia fazer muito (Gênesis 2,7-9;3,1-7), mas ignorou que não poderia tudo; ignorou que nunca poderia ser Deus pela incapacidade de ser amor absoluto como Deus o é, tampouco, capaz de amar plenamente e indistintamente como Deus ama.

A tentativa de negar e sobrepor-se ao Amor Maior continua a perseguir cada ser humano e toda a humanidade, tornando-os ainda mais inconformados, pois nem mesmo diante de tamanha petulância, Deus deixa de amar.

O Evangelho Segundo Mateus (Mt 4,1-11) apresenta as tentações supremas de todos os tempos. A vaidade, a exploração da fé e o poder econômico, assim como tentaram a Jesus insistem, igualmente, em nos desviar, sobretudo, do caminho genuíno do amor, fazendo-nos mergulhar e, consequentemente, perdermo-nos em nós mesmos. Se continuamente tentados a romper com Deus, devemos, permanentemente, abastecermo-nos de Seu Amor, cultivando assim, cada vez mais, o dom de amar. Abençoada Quaresma!

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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