Por Ivanaldo Mendonça — Toda pessoa que estabelece o firme propósito de trilhar o caminho que leva á maturidade, cujo principal fruto é o dom do equilíbrio, deveria empenhar-se acerca desta questão. Neste sentido, a incomodante pergunta: ‘Quem dizem que eu sou?’ não significa, nem tampouco tem como principal intenção submeter-nos ao jugo da gratuita e infundada opinião alheia. Sem dúvidas, não significa, também, valer-se da máxima do senso comum: “Falem bem ou falem mal, importa que falem de mim”.

O empreendimento proposto tem como principal intenção confrontar aquilo que dizem sobre nós com aquilo que realmente somos e/ou intentamos fazer, verificando se as razões pelas quais vivemos e realizamos algo são claramente captadas e compreendidas pelos outros. Nesse sentido o adágio “Não somos o que pensamos ser, mas sim, o que fazemos” ocupar sentido especial. Muitas vezes com a melhor intenção dissemos ou fizemos algo sem que os outros acolhessem da mesma forma. Isso gera conflito!

Quando no Evangelho Jesus pergunta aos seus discípulos: “Que dizem que eu sou?” (Marcos 8,27) Ele quer ter acesso as impressões que os outros, os de longe, nutriam a seu respeito. As respostas confirmam: faltava muito para que seus interlocutores O acolhessem. A título de avaliação estratégica é oportuno saber o que pensam de nós.

É como buscar saber se o investimento em propaganda está, de fato, atingindo o público específico, se a mensagem está sendo clara e objetiva ou não. Importante, igualmente, fortalecer o cultivo da capacidade de discernimento e compreensão acerca dos outros, considerando sua realidade, possibilidades e limites, evitando todo e qualquer juízo de valor, o que macularia todo o processo.

Em seguida Jesus interroga os que estavam sempre com Ele: “E vós? Quem dizeis que eu sou?” (Marcos 8,29) Ao confrontar as impressões dos “de longe” e dos “de perto” Ele tem uma devolutiva mais precisa. A resposta certeira de Pedro: “Tu és o Messias”, revela que Jesus está no caminho certo em relação aos que escolheu para ter mais próximos de Si. Igualmente, a busca pela maturidade e equilíbrio pedem de nós esta atitude corajosa: perguntar aos que nos circundam acerca do que pensam de nós.

Tudo seria mais simples se aprendêssemos do Mestre Jesus a valermo-nos das impressões alheias a nosso respeito; assim reveríamos e alinharíamos as estratégias, tendo em vista atingir propósitos e objetivos de forma mais assertiva. No entanto, o caminho simples não é, necessariamente, o mais fácil, uma vez que exige de cada pessoa coragem suficiente para expor-se ao crivo alheio, correndo o risco de ouvir o que desagrada, colocando em cheque a ilusão que criamos acerca de nós mesmos de que somos os melhores e fazemos da melhor maneira.

Quem tiver ouvidos ouça! Quem for ousado permita-se! Vale a pena!

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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