Por Ivanaldo Mendonça — O dia 13 de Outubro entra para a história da Igreja e, particularmente, para a história do Brasil. A data marca a cerimônia de canonização de Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, primeira mulher nascida no Brasil a alcançar as honras dos altares. Dentre todos os brasileiros, exulta de alegria, de modo ainda mais particular, o coração dos baianos. Irmã Dulce realizou sua obra de amor aos pobres, ocupando no coração daquele povo espaço muito especial, sendo aclamada como ‘anjo bom da Bahia’.

A Igreja não cria ‘santos’, ela apenas os reconhece e proclama, inscrevendo seus nomes no cânon ou lista dos santos (eis significado do termo canonizar), autorizando e reconhecendo o culto de veneração, daqueles que, de alguma forma, destacaram-se na vivência da fé, como testemunhas de Jesus Cristo; por isso, apresentados como exemplo e inspiração aos homens e mulheres de fé de todos os tempos.

Sobre o uso do termo ‘Santo’ não há dúvidas, e ninguém disse o contrário que, de forma plena, cabe única e exclusivamente a Deus, como atestam as Sagradas Escrituras (Levítico 11,44-45; Levítico 19,2). A liturgia da Missa prevê o ‘Santo’, hino de exaltação á grandeza de Deus Pai, o Santo por excelência.         No entanto, a Bíblia, sobretudo no Novo Testamento, denomina ‘santos’ aqueles que se empenham por cumprir a vontade de Deus (Romanos 16:2; 1 Pedro 1,15-16).

Etimologicamente a palavra ‘santo’ significa ‘consagrado a Deus, divino, piedoso’. Criados a imagem e semelhança de Deus e configurados a Cristo Jesus, nosso Salvador, pelo Batismo, é inegável reconhecer a santidade como nossa vocação maior. Somos todos chamados á santidade, vivendo o mais perfeitamente possível a vontade de Deus.

O caminho de santificação iniciado na terra completa-se nos céus, quando unimo-nos, definitiva e plenamente ao coração do Pai. Enquanto Deus é Santo por ser absoluto, a santidade dos homens é relativa, sempre dependente da santidade de Deus. Todos aqueles que cumpriram sua missão como fiéis discípulos de Jesus Cristo alcançaram a santidade, em grau diverso da santidade de Deus, mas, ao mesmo tempo, participando e bebendo da fonte inesgotável de Sua santidade.

Em tempos difíceis, proclamar e venerar a memória de um bom exemplo humano e de fé reforça no coração dos crentes o desejo de empenharem-se, cada vez mais, na vivência da vontade de Deus pelo seguindo fiel de Jesus; reforça no coração das pessoas de boa vontade o cultivo de valores nobres; renova no coração da humanidade a esperança de um mundo melhor. Quem não reconhece a graça de Deus agindo através da vida dos santos de todos os tempos é míope na fé. Sejamos santos!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

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